INCLUSÃO

Piracicaba tem a primeira mulher trans a ocupar cargo de assistente social

Por Fernanda Rizzi | fernanda.rizzi@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 2 min
Claudinho Coradini/JP

Alicia Fernanda Nascimento Araújo, de 31 anos, é a primeira mulher trans a assumir o cargo de assistente social em Piracicaba. Formada em Serviço Social desde 2017, o trabalho que exerce agora sempre foi um sonho e, ela garante, que nada disso teria acontecido se não fosse por sua persistência.

“Fui a única mulher trans no período que eu cursei em minha faculdade. Para mim, foi muito importante porque consegui entender que eu realmente poderia ser o que eu gostaria de ser, independente da identidade de gênero ou do que a sociedade me pauta. O mais importante foi eu não desistir dos meus sonhos”, ressalta.

E, claro, nem toda luta é fácil. Ainda criança, Alicia conta que tinha dificuldade para compreender a sua identidade de gênero. “Quando pude realmente compreender, eu soube que queria ser uma mulher trans, mas com objetivos e, entre eles, o sonho de me tornar assistente social. Tive um grande apoio da minha família para que eu pudesse estudar e alcançar esses objetivos”, relata.

Hoje, em Piracicaba, ela diz que encontrou o seu lugar ao sol. Conseguir atuar na profissão que ama foi um ganho muito importante em sua vida, além de acreditar fielmente que a sua história pode abrir espaços para outras mulheres e homens trans. “A sociedade pauta que o que a mulher trans pode ser, como apenas cabelereira ou enfermeira”, ela diz ainda sobre a vontade de ver a população trans ocupando mais espaços como advogados, médicos e outras profissões. “O nosso lugar está aí e nós precisamos buscar ocupar o nosso espaço”, completa.

Ainda assim, ela acredita que hoje o olhar para a inclusão está se tornando mais humanizado. “Passei dificuldades para conseguir emprego e, na verdade, acho importante que a rede assistencial da cidade está inclusiva e dando essa oportunidade tanto de eu ingressar e de outros. Atualmente, a assistência tem um novo ganho com uma nova visão”, enfatiza.

“Me sinto vitoriosa por chegar aonde eu cheguei, fazer o que eu gosto e também impactar na vida de outras pessoas, mesmo quando atendo uma mulher trans, cis, em geral qualquer público, porque é assim que eu consigo ver a importância que eu tenho dentro da sociedade”, finaliza.

A conquista de Alícia pode servir como um exemplo para todos. “Somos a minoria e esse número precisa ser trabalhado. Precisamos ingressar no mercado de trabalho. Mas onde estão as oportunidades?”, questiona.

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