ARTIGO

Que bem me fazem!

Por David Chagas | 22/05/2023 | Tempo de leitura: 4 min

Na barriga da mãe não se tece apenas um outro corpo. Fabrica-se a alma.”

Este, o milagre da vida. Tecido por Deus, esta senhora de Luz, prepara e cumpre, como todas, a Palavra.

As crianças? A mais pura essência de Deus, a quem conclama para ser Ele oferecendo-lhes Seu reino, Seu Amor, sua Riqueza de Espírito, fórmula encontrada para encantar o mundo.

Sobre crianças. Como gosto de escrever sobre isto. Quando meus três, já adultos e dignos, chegaram para fazer melhor meus dias, pouco escrevi, porque tratei de aprender com eles, educar-me na expressão viva de seu amor.

Hoje, me alegro com amigos que, ao se lembrarem dos meus envelhecidos dias, trazem luz e esperança nova, oferecendo-me com a traquinagem de seus netos, a renovação da vida.

Divisão da alegria que é deles. Do bem. E quanto bem me fazem.

Tento fazer recitação sem fim, a começar pelo último sinal de esperança recebido. De Ribeirão, aos dois meses, Francisco, de Lígia e Pedro Camarero, já, no nome, a bendição da graça. Seu protetor, signo da paz, do amor à natureza e, nela, de toda a criação, tão desprotegida e maltratada pelos homens.

Junto às fotos de Francisco, outras exibindo sua coleção de primos, a quem soube, um a um, da chegada e, crueldade do tempo, já os crescidos e desenhando a infância e a  adolescidade.

Como minha alma sorri ao vislumbrar isso tudo. A matriarca destes nove netos, a avó, Sueli, posta em branco, rodeada das crias também em branco vestidas, seis meninos e três meninas, lindos todos, resguardam a essência de amor e paz que os nutre e fortalece.

Maria Clara, a primeira, faz, com Francisco, seu primo, no nome, par de luz como sugere a vida dos patronos. Vendo-a distante do bebê, insisto em lembrar que a vida há de alimentar o espírito de simplicidade, de respeito ao meio-ambiente, de busca constante da paz, semente esparramada por Francisco e Clara, os santos, por todo o mundo.

Em Salvador, Isabela, de Elane e Etore Ragonha, de quem e para quem escrevi tão logo saltou à vida. Sua avó parece ter-se abaianado, seduzida pela neta, depois pelo mar e praias, pelos feitiços de Caymmi e Jorge Amado.

Conta-me, a cada dia, proezas da pequena e a tudo ilustra com fotos revelando a beleza e a ternura que me trazem, de Isabela, luz e bênção.

A cada novo dia é possível ver que o sol, ao despontar, renova o milagre e revela, com seu bom humor e sua natural esperteza, em cada um destes pequenos, a alma, no olhar, no primeiro sorriso, na bochecha rosada, no amor desmedido por seus pais, primeiro, pelos demais, depois.

Em Santos, beirando o mar, onde, mais à frente no tempo, poderá ver sua avó navegando em caiaque, tenho Nick de Vinícius e Lissa Palo. Sua bisavó, conhecedora como poucos dos segredos da língua portuguesa, vai-me dando detalhes da forma como o bisneto descobre os dias. Sei não, mas sinto, cada vez que dona Zezé me diz algo sobre netos e bisnetos, que seus pequenos já vêm decifrando, tecidos por seu amor, o que há por trás da teoria geral das representações, desvendando signos em todas as suas formas e manifestações.

Há pouco pude ter Nick comigo, em fotos e vídeos, entre tintas e livros, encantado, deitando olhares em tudo o que vê, como se – ou terá certeza? – encontrasse no desenho e na cor, neste começo, um pouco do que todos os seus, antes, teceram, deixando os dias ainda mais bonitos em forma, em cor, em palavra.

Em Belo Horizonte, Lorenzo, de Magda e Francisco Ribeiro Reis. Ainda guardo comigo, na melhor lembrança, Francisco, o pai quase a idade em que está agora o pequeno. Junto à saudade dos bons dias vividos em Quito, no Equador, a presença de agora deste mineirinho encantador, provando ao velho coração do amigo o quanto Minas tem segredos exclusivos, que Deus projeta até mesmo nas crianças que por lá nascem.

Lorenzo, por ora, guarda em si tudo o que esconde esta palavra, Minas. Drummond, em sua obra, ditou: “Ninguém sabe Minas./ A pedra/ o buriti/ a carranca/ o nevoeiro/ o raio/ selam a verdade primeira,/

sepultada em eras geológicas de sonho./ Só mineiros sabem./

E não dizem nem a si mesmos/  o irrevelável segredo chamado Minas.”

Saio dos Brasis e chego, primeiro, a Valencia, terra de Espanha, onde estão Mariana e Paulo Braga de Sousa Filho. Há mais de um ano, em pleno advento, na luz e no sol da manhã, anunciaram Flora, em beleza e graça.

De Toronto, no Canadá, Benício. Este, a cada dia, me dá notícias prontas das peripécias de Deus, nele e por ele. Andou bem antes dos doze meses para fazer mais intensamente felizes os meus dias, com vídeos e fotos. Ora vibrando no pouco sol do inverno canadense, agasalhado a mais não poder, reconhecendo nisso, a riqueza da vida, mostrava a que viera, sem esconder aonde pretende chegar.

No despertar da primavera, com seus pais, Nara Penalva e Joel Amy, num diálogo suave mas adequado, passou a ganhar autonomia dando lições não aprendidas nem em leituras de educadores famosos nem com a própria vida. Benício!

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