Atualmente, o Brasil representa um dos países com o maior número de pessoas com transtorno de ansiedade em todo o mundo e aí vem a minha pergunta: Por que a ansiedade é tão comum nos nossos tempos? Existe algum fator que contribua especialmente para a ansiedade na vida moderna? No decorrer da história da humanidade, as pessoas foram expostas a eventos bastante desafiadores como guerras, fomes, pragas e doenças e ainda assim, a ansiedade parece ser uma característica nova, presente em tamanha proporção somente na sociedade moderna. Sendo assim...O que deu errado?
Em uma tentativa de analisar a situação, posso citar pelo menos três fatores: o ritmo da vida moderna, a ausência generalizada de consenso sobre os valores e padrões que norteiam nossa vida e o nível de alienação social.
O ritmo da vida foi drasticamente acelerado nas últimas décadas. Os filmes que mostram como era a vida há cinquenta anos provam que as pessoas andavam, dirigiam e viviam mais lentamente que hoje. A maior parte de nós vive em uma atividade constante, brigando contra o ritmo natural de nosso corpo. Privados do tempo para repousar e para simplesmente “ser” o que somos, nós nos distanciamos de nós mesmo e nos tornamos mais ansiosos. E além da aceleração do ritmo de vida enfrentamos uma aceleração nas mudanças sociais, tecnológicas e ambientais. Se não nos dispusermos do tempo para assimilar todas estas mudanças e nos ajustarmos a elas, isso só contribuirá para aumentar ainda mais nossa ansiedade. O ritmo frenético da competição, de que se eu for mais devagar, irão me ultrapassar e os pensamentos sobre isso entram em um espiral contínuo de fazer mais para não ficar para trás.
As regras da vida moderna são altamente pluralistas e não existe mais um conjunto de valores e padrões consistentes e socialmente acordado para nortear nossas vidas. No vácuo que nos restou, a maioria tenta se defender e ganhar a vida, e a incerteza resultante do processo abre um amplo espaço para a ansiedade. Confrontados por uma enxurrada de visões de mundo diferentes que a mídia nos apresenta, resta-nos criar nossa própria ordem moral e de significados. Mas quando não conseguimos determinar esse conjunto de significados, tendemos a preencher estas lacunas com várias formas de escapismos e de diversos vícios. Acabamos levando uma vida sem sentido, desconectada de nós mesmos e isto contribui significativamente para o aumento do transtorno. A ansiedade surge quando você perde a sensação de conexão, seja com alguém ou com alguma coisa. Quando você se desconecta com os outros, com sua comunidade, com a natureza ou com um poder maior, aumenta a propensão em perceber as coisas como ameaças à sua segurança e ao seu bem-estar.
Tendo visto que a desconexão com si, com a natureza, com as pessoas e com Deus nos trazem a ansiedade, o que você pode fazer por você para que este ciclo seja finalmente quebrado?
A ansiedade é uma experiência muito familiar para quase todas as pessoas, ela pode apresentar-se de intensidades variadas, mas que certamente afetarão a pessoa de modo a estagnar a mesma em relação a tudo aquilo que ela pode fazer e ser na vida.
Meu conselho é de que você reavalie suas relações, seu modo de viver, suas conquistas e perceba se esta é realmente a direção que você quer continuar seguindo ou se este é o momento de dizer BASTA e viver uma vida coerente com seus reais valores e não mais baseada nos valores, ritmo e ideologias alheias. A sua vida só pode ser vivida uma vez e no final será só você com você mesmo não é verdade? Então porque continuar seguindo este ritmo hipnótico estabelecido por uma sociedade doente?
Meu convite é para que você desperte deste sono e viva intensamente de acordo com os seus valores e as suas vontades!
Com carinho, Fabiane Fischer.
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