“No encontro entre matemática, física, química, biologia, psicologias, filosofia e artes, as neurociências fascinam o público pela possibilidade de compreensão dos mecanismos das emoções, pensamentos e ações, doenças e loucuras, aprendizado e esquecimento, sonhos e imaginação, fenômenos que nos definem e constituem.”
(Esta frase é do Neurocientista Sidarta Ribeiro, em seu artigo “Tempo de cérebro”).
A Neurociência vem despertando a curiosidade de muita gente e não é sem motivo, pois ele, o cérebro, é o órgão mais fascinante e também o mais misterioso. Eu digo com certeza, baseado em meus estudos nessa área e minha experiência com resultados na Terapia, que o entendimento e a aplicação da neurociência são imprescindíveis para o estudo ou a aplicação em qualquer outra área. Resumindo: se, inicialmente, não estudarmos e praticarmos os benefícios da neurociência, não atingiremos eficácia em qualquer área de nossa vida. Quanto mais avançam os estudos e descobertas, mais se entende o quanto o cérebro comanda as atividades do corpo humano, como comportamentos e emoções.
Neste artigo, farei apenas uma introdução, pois esse tema é bem complexo e ao mesmo tempo, promissor – tanto para o presente quanto para o futuro do ser humano.
Por conceito, a Neurociência é o campo da ciência que estuda o sistema nervoso (cérebro, medula espinhal e nervos periféricos). O fato é que esta área, até pouco tempo, se restringia apenas a aspectos biológicos, uma vez que que não havia, ainda, uma associação entre cérebro e consciência humana. Portanto, além das reações do corpo, a neurociência explica, também, os fenômenos da mente. E é nisso que vamos refletir.
Graças aos estudos nessa área, que temos, cada vez mais, excelentes contribuições e avanços relacionados à melhoria da saúde mental/emocional e um dos mais significativos, é a comprovação científica da Psicanálise e das ideias de Freud, como a do inconsciente, lugar onde estão reunidas todas as memórias e suas combinações e que, através do estudo delas, pode-se treinar a atividade cerebral em várias finalidades, como na terapia, onde o eu tem poder de gerenciar dinâmicas automáticas, antes consideradas apenas inconscientes e estáticas.
É também através dos estudos da neurociência, que vem ganhando espaço a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro em se adaptar e mudar. Uma das grandes descobertas nessa área específica é que, ao contrário do que se pensava, estudos comprovam que a neurogênese (capacidade de produção de novos neurônios), não acontece só na infância, portanto, algumas áreas do cérebro continuam produzindo no decorrer do tempo de vida, o que tem sido significativo, também, para o tratamento de muitos transtornos, síndromes e doenças, inclusive depressão, ansiedade, dependência química, entre outros. Um dos grandes benefícios da neuroplasticidade, portanto, é que ela estimula a adaptação do cérebro às mais variadas situações. O uso na terapia é importante porque torna possível incentivar padrões que levam à esta plasticidade neural.
O fato é que as pesquisas científicas estão comprovando cada vez mais o poder da mente sobre o que se “realiza”. O que pensamos, como pensamos, o que fazemos, como fazemos, como percebemos ou no que acreditamos têm uma origem e interfere diretamente em nossas vidas. Essa é prova de que, quanto mais conhecemos nosso cérebro (que é o que comanda tudo), mais conseguimos melhorar nossa vida e é esse, então, o grande desafio da neurociência: entender cada vez mais o sistema nervoso em sua totalidade para que possamos prevenir, evitar ou então amenizar tantas causas de sofrimento, doenças e infelicidade e, ao mesmo tempo, extrair o máximo do nosso potencial, em todas as esferas de nossa vida.
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