ARTIGO

Covid e o fim da emergência global

Por Rubinho Vitti | 06/05/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A notícia vem como que em um alívio atrasado. A Covid-19 não representa mais uma emergência de saúde global, de acordo com novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Aparentemente, não chocou muito as pessoas a decisão da OMS, afinal, com o fim da obrigatoriedade de uso de máscaras na maioria dos ambientes, com o álcool em gel cada vez mais raro nos estabelecimentos e a vida correndo mais normal que nunca, ninguém tava lembrando muito mais da existência do coronavírus.

Rara são as vezes que alguém manda aquela mensagem: “putz, peguei Covid, não vou poder ir hoje”. E a gente responde como se a pessoa estivesse com uma gripe forte, mas sem aquela preocupação quase mortal de outrora.

Três anos depois dela ter se tornado uma emergência global, a Covid hoje é como uma pedra no sapato da nossa rotina.

A taxa de mortalidade diminuiu de um pico de mais de 100.000 pessoas por semana, em janeiro de 2021, para pouco mais de 3.500 na semana até 24 de abril, segundo dados da OMS. Ou seja, ainda há gente morrendo!

Mas se hoje temos a sensação de que o pior já passou e não vai mais voltar, é porque uma parcela consciente da população se vacinou, seguiu regras de distanciamento e, desde 2020, tem feito seu papel na sociedade frente a uma catástrofe social.

O fim da emergência de saúde global da Covid é um grande passo para o fim da pandemia que matou mais de 6,9 milhões de pessoas no mundo, interrompeu a economia global e devastou várias comunidades.

Claro que ainda há perigo no ar, principalmente para quem tem um sistema imunológico deficiente ou problemas de saúde graves, além dos idosos. Por isso, ainda é importante ter uma atenção especial ao calendário de vacinação e segui-lo rigorosamente.

Lembro como se fosse ontem. A primeira vez que houve uma declaração da OMS com o nível de alerta máximo foi em 30 de janeiro de 2020. E veja como nossa vida mudou nesses mais de três anos. Era uma loucura pensar no passado que poderíamos ter vivido algo assim.

Pior do que a situação caótica em si -- uma doença espalhada pelo mundo, ameaçando a raça humana em certo ponto -- foi a luta diária para convencer as pessoas que o melhor a se fazer era confiar na ciência, nos pesquisadores, em quem entendia do assunto.

Houve uma guerra de narrativas nas tóxicas redes sociais, com notícias falsas disseminadas ininterruptamente com a intenção óbvia de alarmar a população, instaurar o caos e favorecer as figuras mais nefastas da política.

A experiência da Covid foi um tapa na nossa cara. Quem achava que em plenos anos 2020 haveria tanta gente perdida e mal informada, preferindo ouvir as ordens de líderes religiosos e políticos a seguir orientações médicas.

Acreditando em imagens distorcidas em seus aparelhos telefônicos do que nas milhares de pessoas que choravam ao redor por seus entes queridos mortos pela doença.

Aprendemos alguma coisa com tudo isso? Sim, claro! Mas não o suficiente. E mais do que acreditar que a humanidade se transformou depois dessa experiência chocante, prefiro não arriscar dizer que no caso de um acontecimento futuro parecido, as coisas vão se dar de uma melhor maneira.

A onda de pavor da Covid-19 não foi suficiente para reimaginarmos uma sociedade mais justa, fraterna e caridosa.

Por um lado, houve o esforço de uma comunidade médica incrível e de pessoas que verdadeiramente amam ao próximo, sem ver religião ou classe social.

Por outro, uma corja de aproveitadores da fé e da ignorância das pessoas sobre o entendimento do que é uma pandemia usaram da tecnologia para desinformar e implantar um jogo de poder cruel jamais antes visto e que ceifou a vida de milhares.

Mas passou, gente. Passou! Nem dá para acreditar.

Por hora, é possível, sim, respirar aliviado. Foram bilhões de doses de vacinas contra a Covid-19 distribuídas mundialmente e, com isso, milhões de vidas salvas.

Apesar de tudo, ainda tenho uma ponta de esperança na humanidade.

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