ARTIGO

Em cada acelerada, um sopro de vida

Por Juliana Previtalli |
| Tempo de leitura: 3 min

Em cada curva, uma emoção. Em cada acelerada, um sopro de vida. Viajando sobre as duas rodas da BMW 1200 Big Trail, motocicleta aventureira no estilo “off road”, Francisco de Jesus Bolani, mais conhecido como Chiquinho Bolani, viajava pelo sul do Brasil, do Paraguai e da Argentina. Já quando pretendia excursionar pela região de Piracicaba, escolhia uma de suas bikes. Na companhia da esposa Sueli, as trilhas tornavam-se passeios por Santa Terezinha, Santa Olímpia, Ipeúna, Itaqueri da Serra, Brotas e Torrinha. Aos 66 anos, dispõe de tempo sobrando para curtir a vida, desde quando parou de fumar, 8 anos atrás.

Mas nem sempre a jornada assim lhe sorriu. Começou a trabalhar com 7 anos de idade, junto aos 11 irmãos, na roça que o pai arrendava para cultivar cana-de-açúcar em Paraísolândia, município de Charqueada. Frequentava a escola rural graças à benevolência da professora, que lhe dera um par de alpargatas e uma blusa de frio. No período da manhã, aprendia a ler, a escrever e a fazer contas na sala de aula. Após o almoço, ajudava o pai a cortar e a amarrar a cana. Com 12 anos, aprendeu a fumar com os amigos, os vizinhos e os irmãos. Espelhara-se nos adultos — seu pai fumava cigarro de palha.

Hoje em dia, os consumidores de tabaco, sobretudo os mais jovens, vêm sendo atraídos por um produto costumeiro no tempo dos avós — o cigarro de palha ou palheiro. Já vêm enroladinhos em palha de milho, prontos para o consumo. Engana-se quem pensa que o produto, por ser natural, não faça mal. O palheiro não possui filtro como os cigarros convencionais e a palha do milho impede a passagem do ar de dentro para fora, determinando tragadas mais profundas. Com de 5 a 7 vezes mais nicotina e alcatrão que os cigarros industrializados, mostram-se muito nocivos.

Apesar da vida difícil, o pai de Chiquinho incentivou-o a continuar os estudos; com 14 anos, matriculou-se no curso de Ajustador Mecânico do SENAI. A formação técnica seria determinante para sua prosperidade.

Trabalhou como metalúrgico e empreendeu, com os irmãos, primeiramente, a montagem de uma fábrica de blocos de concreto e, posteriormente, de uma loja de materiais de construção, a Comercial Bolani.

Conforme os negócios prosperavam, ele adquiriu alguns imóveis e juntou capital para garantir a tranquilidade e o sossego na velhice. Comprou um rancho na represa de Patrimônio, município de Brotas, com direito a caiaque e a lancha com sky aquático.

Um pensamento, no entanto, sempre lhe ocorria: queria parar de fumar, mas só de pensar, começava a sofrer. Até quando, subitamente, foi acometido de um infarto do miocárdio que o fez repensar a vida. No Hospital Unimed, procurou o Programa Inspirar, que auxiliava fumantes a largarem o vício. Participou das reuniões e, ao final de 3 meses, encontrava-se livre do cigarro.

Como não existe fórmula mágica para se livrar da dependência de nicotina, vários são os caminhos possíveis e cada pessoa pode encontrar o que lhe funcione melhor. Mas, de fato, quem conta com ajuda profissional — de médicos, de terapeutas ou de outros profissionais da saúde — enfrentará menos dificuldades e terá maiores chances de êxito. Passar pelo processo sozinho não é impossível — e todos nós conhecemos algum caso —, mas apenas uma minoria — 5% — consegue parar sem ajuda.

Paciente dedicado, Chiquinho segue à risca minhas orientações nas consultas. Magro e esguio, mantém uma série de exercícios regulares, que se refletem no bom controle da pressão, bem como dos outros fatores de risco, como o diabetes e o colesterol. Ao eliminar o pior de todos — o tabagismo —, garantiu o futuro tranquilo tão almejado!

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