ARTIGO

O mundo na palma de suas mãos

Por Edson Rontani Júnior | 12/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Seria difícil imaginar que tudo caberia na palma de nossa mão. A televisão, o aparelho de som, o cinema, o telefone, a máquina de datilografar, o computador... Tudo isso junto e misturado no smartphone, ou o telefone celular, aparelho implantado comercialmente no Brasil lá por volta de 1995. Tal aparelho está completando 50 anos agora em abril, no dia 3. Trouxe tantas facilidades que se tornou objeto de desejo, de consumo, de ostentação assim como foram nos anos 80 o relógio de pulso com calculadora, a lapiseira com grafite fina e o toca-fitas de carro acoplado a um equalizador.

Quando se fala que o aparelho de som ou o cinema cabe hoje na palma da mão, não é mentira. Até o início dos anos 80, o filme em 16 mm ou o Super 8 eram a diversão caseira das famílias que se reuniam na sala da casa, apagavam as luzes e assistiam filmes no período pré videocassete. Época em que o aparelho de som 3x1 ocupava um volume considerável na sala de estar ou no quarto além de que eram necessários largos espaços para acondicionar os LPs.

O celular foi inventado por Martin Cooper, engenheiro da Motorolla, em 1973. Demorou muito para se popularizar pois o ser humano não descobria a tecnologia para torna-lo consumível, ou seja, barato para cair nas graças do consumidor. Os primeiros aparelhos funcionavam ligados aos veículos que por sua vez eram estações móveis que enviavam sinais para algum ponto fixo. A tarifa era um absurdo.

Em meados dos anos 1990, a Telesp iniciou seu processo de expansão, criando células em todo o estado de São Paulo. O telefone ainda era visto como concessão pública. Em Piracicaba, como em todo o estado de São Paulo, eram feitas inscrições e sorteios dos números. Nada igual ao que hoje temos numa situação em que você vai a uma loja e já sai falando no aparelho. Me lembro que a fila de inscrição era quilométrica. Algumas vezes eram feitas no Ginásio da Esalq para atender a demanda de interessados. O sorteio era feito em locais grandiosos como o Clube Coronel Barbosa, a exemplo do que ocorre hoje com o sorteio de casas populares por vezes realizados no Estádio Barão da Serra Negra. Fazia-se a inscrição, torcia-se pelo sorteio e depois rezava-se pela habilitação do serviço no aparelho. Aliás, aparelhos eram os famosos “tijolões” da Motorolla que necessitava puxar a antena e abrir o bocal. Era pesado e quem não levasse consigo uma bateria reserva poderia não ter o aparelho funcionando.

O ministro da comunicação Sérgio Motta, falecido em 1998, falava que “o brasileiro, um dia, vai entrar num supermercado e sair falando em um celular”. Deu no que deu. Hoje há uma oferta assustadora no mercado e uma busca incessante por este aparelho antes confinado para conversas familiares, recordações com os entes queridos e para ouvir tristezas ou alegrias. Servia também para namorar, apenas para ouvir as vozes das pessoas e a rede social de então era restrita aos bares, restaurantes, aniversários ou almoços de domingo.

O telefone servia para prender as pessoas em casa, pois até os anos 70, muito antes da criação do DDD (Discagem Direta a Distância) era preciso pedir à telefonista que completasse a ligação. E isso não era imediato. Você tinha de ficar o dia todo esperando a telefonista retornar para completar sua ligação e aí sim conversar com aquele parente distante ou nem tão distante assim, mas que poderia estar em São Paulo, por exemplo.

Hoje, com tanta tecnologia, é possível pegar o celular e ligar instantaneamente para o presidente dos Estados Unidos, em Washington. Não é verdade? Se ele vai atender ... aí, já é outra história ...

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