ARTIGO

Seja mais claro, Luciano Almeida

Por José Osmir Bertazzoni |
| Tempo de leitura: 3 min

A “Carta aberta” do Prefeito Luciano Almeida levanta pontos de dúvidas na gestão pública municipal de Piracicaba. Iniciamos pela correção da abertura da carta: “Foi protocolado nesta semana um pedido de IMPEACHMENT contra minha pessoa como prefeito”. Pelo amor ao debate, estou certo de que não foi contra a pessoa do cidadão Luciano Almeida que se propôs IMPEACHMENT, mas contra o seu mandato político, em contraponto a sua forma de governar.

As alegações postas não são tão absurdas como orienta o prefeito, sequer são falaciosas, partem da premissa que um cidadão está descontente com o governo e usou dos meios republicanos para mostrar sua insatisfação, meio esse que está à disposição de todos os cidadãos brasileiros.

Somente a título de colaboração, é bom esclarecer ao prefeito que o serviço público é ação coordenada, universalizada, em atividade contínua, respeitando-se sempre o princípio da sua continuidade, é o direito dos cidadãos de serem atendidos por profissionais com vínculo ativo e identidade com a comunidade. Isso é serviço público.

Em total contrassenso é notório que os mutirões, contratação de terceiros e de OSS (Organização Social de Saúde) para gestão de UPAs, não seguem os princípios básicos fundamentais de uma gestão pública que vislumbre a tranquilidade e a identidade entre o povo e seus servidores, vínculo esse necessário para se estabelecer um laço de confiança e respeito; essas ações são apenas “quebra galho” “para inglês ver”, nada mais!

A questão tratada sobre teto do salário do prefeito que impossibilita a contratação de profissionais qualificados, em especial da área da saúde, não deveria ser um problema se a administração tivesse ouvido o sindicato com a proposta de correção (redução) das jornadas de trabalho aos profissionais da saúde – hoje em falta na cidade – por não ter se aplicado uma aritmética elementar: não se pode pagar mais devido ao teto legal, mas se pode contratar mais reduzindo a jornada de trabalho. Logo, não faltaria médico se essa fórmula tivesse oportunamente sido adotada.

Ademais, é perceptível que o serviço de zeladoria de Piracicaba fora abandonado e a cidade está feia, esburacada e cheia de mato, mesmo usando as fortes chuvas como álibi, não são o suficiente para justificar as péssimas condições urbanas que se submete o povo piracicabano.

Alega o prefeito que assumiu uma Prefeitura com “vícios quase insanáveis”, com “uma máquina inchada e ineficiente”. É opinião do prefeito, mas nem todos concordam com sua visão de mundo, tanto que hoje a sua popularidade encontra-se em baixa. Percebe-se que pouco está se fazendo para melhorar as relações entre o poder púbico e o cidadão piracicabano.

O que me intrigou na carta aberta do prefeito é o fato dele ter mencionado que pessoas perderam a “boquinha” e hoje atacam veemente sua gestão. Quem são esses que perderam a “boquinha”? Já os ataques realizados com veemência, ao nosso ver, partem de seus antigos aliados políticos e não da oposição; tais como vereadores que controlavam várias secretarias municipais e hoje infernizam a vida do Preboste.

Segundo o prefeito, ele foi eleito por pessoas que acreditaram que “dá para fazer gestão pública de forma honesta e correta”, concordo, isso é possível sim, desde que se denunciem os que se locupletam dos recursos públicos, como os que perderam a “boquinha”; as pessoas que estavam acostumadas com o “jeitinho”, “quebra essa”, “direciona o edital para mim” e que estão enfurecidas, “pois perderam a mamata”. Cabe ao prefeito responder quem são essas pessoas!

Creio que essa narrativa do prefeito é uma denúncia de crime que ocorreu na administração pública de Piracicaba e devemos questionar: quais providências foram tomadas para denunciar e condenar esses malfeitores?

Todas as ameaças e chantagens constituem-se em crimes e devem ser apurados pelo Ministério Público que é o “custos legis” (Fiscal da Lei), resta saber se com a “carta aberta” do prefeito as denúncias lançadas na imprensa serão submetidas ao rigor da lei.

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