ARTIGO

Desligamento

Por Fabiane Fischer | 30/03/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Na semana passada iniciei o tema codependência e hoje darei continuidade para que você, que possa ter se identificado, consiga entender um pouco mais e também possa se libertar aos poucos e sempre, através do conhecimento.

Então, hoje resolvi falar um pouco sobre DESLIGAMENTO. Que não significa desligar-nos da pessoa que amamos, com quem nos preocupamos, mas da agonia do envolvimento. Desligamento é algo que precisamos fazer com frequência, quando lutamos para vivermos felizes. Este é o objetivo da maioria dos programas de recuperação para codependentes. E é também o que devemos fazer primeiro – antes de tudo o mais que também precisamos fazer. Não podemos começar a trabalhar em nós mesmos, a viver nossas vidas, a sentir nossas emoções e a resolver nossos problemas até que nos desliguemos do objeto de nossa obsessão. Pela minha experiência (e a de outros), parece que nem nosso Poder Superior pode fazer muita coisa por nós até que nos desliguemos.

Portanto quando um codependente disser: “acho que estou me ligando a você”, cuidado! Ele provavelmente está falando a verdade. A maioria dos codependentes é ligada a pessoas e problemas em seus ambientes e esta ligação significa envolver-se demais, às vezes desesperadamente.

Esta ligação pode ter várias formas, vou citar algumas:

- Podemos tornar-nos excessivamente ligados e preocupados com um problema ou pessoa (nossa energia mental está ligada);

- Ou podemos gradualmente tornar-nos obcecados em controlar as pessoas e os problemas à nossa volta (nossa energia mental, física e emocional está concentrada no objeto de nossa obsessão);

- Podemos tornar-nos reacionários em vez de agirmos autenticamente, de acordo com nossa própria vontade (nossa energia mental, emocional e física está ligada);

- Podemos tornar-nos emocionalmente dependentes das pessoas a nossa volta (e agora sim, estamos realmente ligados);

- Podemos tornar-nos tomadores de conta (salvadores) das pessoas a nossa volta (ligando-nos firmemente à necessidade deles por nós).

Os problemas com a ligação são muitos, mas neste artigo focarei a preocupação e a obsessão. Envolvimento excessivo de qualquer tipo pode manter-nos em um caos, pode deixar as pessoas a nossa volta em estado caótico. Se concentrarmos toda a nossa energia em pessoas e problemas, pouco nos restará para viver nossa própria vida. E há muita preocupação e responsabilidade no ar. Se assumirmos tudo para nós mesmos, não sobrará nada para as pessoas à nossa volta. Fazemos demais e eles passam a fazer de menos. Além disso, preocupar-nos com pessoas e problemas não ajuda nada, pois não resolve os problemas, não ajuda a outras pessoas e nem nos ajuda. É energia desperdiçada.

Se você acredita que passar mal ou se preocupar demais mudará um acontecimento, você pode estar vivendo em outro planeta com um sistema diferente de realidade, ou seja, isso é absolutamente insano.

A preocupação e a obsessão embaralham tanto a nossa mente que não conseguimos resolver nossos problemas. Quando nos ligamos dessa forma a alguém ou a algo, nos desligamos de nós mesmos. Perdemos o contato conosco. Perdemos nossos poderes e a capacidade e de pensar, de sentir, de agir e de nos cuidar. Perdemos literalmente o controle. A obsessão com outro ser humano ou com um problema é algo terrível em que ficar preso. Você já reparou em uma pessoa obcecada por alguém ou por alguma coisa? Essa pessoa não consegue falar em mais nada. Mesmo quando parece estar te ouvindo, você sabe que ela não está te escutando. Sua mente está virando-se e revirando-se, estalando e martelando em círculos como numa interminável montanha russa de pensamentos compulsivos. Ela está preocupada e relaciona qualquer coisa que você disser ao objeto de sua obsessão, não importando a pouca relação que tenha uma coisa com a outra. Repete as mesmas coisas, de novo e de novo, às vezes mudando ligeiramente as palavras, às vezes usando as mesmas, mas nada que você diga fará qualquer diferença.

Acalme o seu coração, pois semana que vem continuaremos no tema e lembre sempre de que o conhecimento pode mudar a sua vida!

Com carinho, Fabiane Fischer.

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