Quem passa, hoje, pelas calçadas da Rua Ipiranga, na região central de Piracicaba, pode sentir, como há 90 anos, o cheiro adocicado e impregnado da histórica fábrica Doces Martini. Cocada branca, paçoca, pé de moleque, doce de abóbora, doce de batata doce e queijadinha pertencem à memória afetiva dos piracicabanos. Quem já comeu o torrone branquinho, inspirado na Itália? E o "Creminho", doce feito com leite e ovos? Os mais antigos se lembrarão do famoso "Mata-Fome", o preferido das crianças à época.
Já quem trafega, atualmente, pela zona rural de Piracicaba, vê, pela janela do carro, a monocultura da cana de açúcar. Cerca de 60 anos atrás, diferentemente, via-se uma variedade maior de cultivos, baseados na agricultura familiar. Por exemplo, na região do Sítio Novo, município de Saltinho, uma família plantava fumo. Cuidavam de todas as etapas da produção — do plantio à colheita, da secagem à confecção dos rolos de fumo de corda — e, por fim, vendiam o produto em seus armazéns.
Os maiores produtores mundiais de tabaco são países de baixa e média renda. O Brasil encontra-se na terceira posição desse ranking, atrás apenas da China e da Índia, de acordo com a ONU, em relatório de 2020. Atualmente, o cultivo da "Nicotiana tabacum"— nome científico da folha de fumo — concentra-se no Rio Grande do Sul, em pequenas propriedades rurais. O governo brasileiro incentiva que se diversifique a produção com investimentos em culturas mais rentáveis. Tal medida adveio de aplicar-se a Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde para Controle do Tabaco, da qual o Brasil é signatário desde a criação, em 2006.
Essas duas famílias piracicabanas compuseram a ascendência de Maria Cristina "Martini" Previatti. Divergiam no ramo de negócios, mas ambas traziam algo em comum — o grande número de consumidores de cigarros. O nono, o pai, os tios, os primos e os irmãos eram fumantes. Maria Cristina começou a fumar quando contava apenas 13 anos. Após o casamento, a família do esposo juntou-se ao grupo. Os italianos "Previatti" também compartilhavam do vício.
Resolveu parar de fumar quando o filho Tiago, ainda pequeno, adoeceu gravemente e precisou de toda a sua atenção. Continuava, porém, fumante passiva ao lado do marido, que pitava na casa inteira.
Segundo dados do INCA, Instituto Nacional de Câncer, o fumante passivo inala uma combinação de dois tipos de fumaça: a primária, exalada pelo fumante e a secundária, emitida pela ponta acesa de um cigarro. Esta contém 3 vezes mais nicotina e monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas que a primeira.
Maria Cristina, ao longo dos anos, viu, de perto, as consequências que o tabagismo pode trazer aos usuários. Perdeu o pai e a irmã para o câncer de pulmão e viu, noutro irmão, a doença atingir as cordas vocais, como outrora ocorrera com o nono.
Apresenta-se, cumulativamente, no tabagista, o risco de câncer. Quanto mais tempo de uso, maior o risco. Não existe tempo de exposição segura. Estudo publicado no New England Journal of Medicine mostrou que o cigarro encurta a vida de um homem em 12 anos e a de uma mulher, em 10.
Seguidora do Paradas pro Sucesso, desde sua criação em 2020, Cris prestigia as “lives” com os profissionais da saúde, curte os vídeos dos artistas e compartilha as mensagens antitabagismo com amigos e familiares.
Insistente, sabe que o perigo desse vício continua rondando, sobretudo, as novas gerações. Convive muito com os sobrinhos da nora e preocupa-se, ainda mais, com a neta Alícia. Tenta passar, a eles, os ensinamentos que aprendeu nesses quase 3 anos de Paradas pro Sucesso. Vem fazendo bem o seu papel!
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