Afastadas as nefastas influências que interferiam de maneira desastrosa e equivocada na Secretaria de Ação Cultural (SEMAC), novos tempos parecem que podem – minimamente – evitar prejuízos ainda maiores a essa área que, nos últimos dois anos, sofreu um dos maiores colapsos que a história recente de Piracicaba já registrou. Nesse sentido, cabe destacar que não foram poucas as vezes que registramos publicamente a ingerência que se abateu sobre a SEMAC ao longo de toda a primeira metade da gestão do governo Luciano Almeida. De igual modo, pouca nem pequena foi também a luta desta vereadora no sentido de tentar garantir que a cultura em Piracicaba não fosse completamente solapada pelo atraso, pelo desconhecimento e pela inoperância de gestores em total descompasso com o que é cultura.
A Pinacoteca Municipal Miguel Archanjo Benício D’ Assumpção Dutra sofreu nas mãos de algozes que – sem compromisso com a história e a tradição cultural de nossa cidade – não economizaram esforços para transformar seu prédio histórico (pasme-se!) em sede da Polícia Federal. Imbuídos de absurda sanha, eles conseguiram alterar, na Câmara, a lei que até então garantia o prédio histórico da Rua Moraes Barros como sede definitiva da Pinacoteca. Também, conseguiram esvaziar a Pinacoteca, trasladando de maneira amadora (num caminhão caçamba) e sem seguro obrigatório o acervo de obras (que é patrimônio público) para uma sala do Engenho Central – onde até o momento tristemente permanece, à mercê de goteiras e demais intempéries.
Na mesma trilha, a Biblioteca Pública “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto” igualmente seguia ameaçada – uma vez que uma proposta de a transformar em um posto de saúde pairou quase como ameaça sobre nossas cabeças e mentes. Há algumas semanas, também desastroso plano de se fazer do jardim da Praça Almeida Júnior um estacionamento para 25 carros solicitava de alguns conselhos da cidade o seu parecer e aprovação. Ora. Diante de tamanha insensatez, nos organizamos politicamente e enquanto sociedade. Fomos a campo. Convocamos artistas, professores e professoras, piracicabanos e piracicabanas preocupados com tais descaminhos. Coletivamente, abraçamos a Pinacoteca (também literalmente) e batalhamos ao longo desses dois anos para que o mal maior da sua destruição completa – e do desmonte de nossa biblioteca – não acontecesse.
Na expectativa de novos tempos e de um novo momento para a Cultura, acolhemosa notícia de que a Prefeitura renovou o aluguel da Polícia Federal por mais alguns anos no local onde está (afastando-se assim a proposta de ocupação da Pinacoteca pela polícia). Também, pareceres contrários deram cabo ao projeto sem sentido de se fazer do jardim da Pinacoteca um estacionamento. Por fim, na semana passada, em reunião por mim presidida na Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia da Câmara, o secretário de Educação do município – Bruno Roza – nos trouxe a informação de que não há mais qualquer hipótese de mudança da Biblioteca para outro local. Ao que pese o tanto ainda por se fazer na cultura, o anúncio feito pelo secretário não deixa de nos dar algum alento e merece ser comemorado.
Enquanto respiramos um pouco mais aliviadas e aliviados, seguimos pleiteando a volta da Pinacoteca para seu prédio histórico – e desejamos que a nossa esperança de que um novo momento se abra para a cultura em Piracicaba possa, de fato, se concretizar. Ainda há tempo.
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