Durante anos o nosso intestino foi negligenciado como um dos aspectos mais importantes para um envelhecimento saudável. Sempre falamos sobre exercício, alimentação, religiosidade, diminuição do estresse e alguns outros fatores. No entanto o intestino é frequentemente chamado de nosso “segundo cérebro” devido ao grande número de neurônios que contem e à sua capacidade de operar de forma autônoma, sem intervenção do sistema nervoso central. Para se ter noção, este sistema nervoso do intestino, chamado de “entérico” contem cerca de 500 milhões de neurônios sendo maior que o da médula espinhal.
Em um recente artigo que saiu na Revista Nature intitulado “The aging gut microbiome and its impact on host immunity” relata as mudanças que acontecem na microbiota intestinal ao envelhecer e como estas mudanças afetam a nossa saúde e imunidade. Sabe-se que durante o processo de envelhecimento, diversas mudanças ocorrem no organismo, mas em especial, o trato gastrointestinal também sofre mudanças como a degeneração do sistema nervoso entérico, alteração da motilidade do intestino e da barreira mucosa com redução da função de defesa e imunidade. Isso gera uma grande mudança nesta microbota intestinal (que é um conjunto de microorganismos presentes no nosso intestino) e tem sido associado a doenças inflamatórias do intestino, distúrbio metabólico, diabetes, doenças cardiovasculares, constipação intestinal e câncer colorretal.
No artigo é também discutido o que você deve fazer para manter esta longevidade saudável no intestino. Uma das primeiras coisas é consumirmos mais alimentos com fibras e uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, leguminosas e outras fontes de fibras alimentares. As fibras ajudam as fezes a ficarem macias e evitando assim, a constipação que é um grande problema quando envelhecemos. Mas tome bastante água junto que é outra recomendação do estudo. Além disso, é importante o consumo de alimentos probióticos e prebióticas. Os alimentos probióticos contem bactérias benéficas que ajudam a manter um ambiente saudável no intestino, evitam assim possíveis doenças. Já as prebióticas contêm fibras que alimentam estas bactérias. Evite sempre o consumo de alimentos ultraprocessados ou industrializados e tente manter o peso. O excesso de peso prejudica o funcionamento gastrointestinal e leva a problemas de saúde a médio e longo prazo. Não preciso dizer da joia máxima, que é o exercício físico que pode melhorar este funcionamento do intestino prevenindo a constipação e aumentando a imunidade.
Tão importante quanto tudo isso que foi falado é a realização periódica de exames médicos que podem detectar precocemente problemas de saúde digestiva e complicações mais graves. Para um adulto, a recomendação é que a partir dos 40 anos de idade já se comece a fazer exames com o médico especialista em gastroenterologia. A nossa saúde é o nosso bem principal e talvez a partir de hoje a gente comece a prestar muito mais atenção ao nosso segundo cérebro. Até a próxima!
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