ARTIGO

Amor e Cuidado para com a Natureza e os Animais

Por Prof. Adelino Francisco de Oliveira |
| Tempo de leitura: 3 min

Já não é mais aceitável a representação da cidade como uma selva de pedras. O velho cenário de prédios, carros, fábricas e poluição já não traduz o que se espera da vida urbana. O avanço do processo civilizatório produziu uma compreensão ética mais elevada sobre a relação entre o ser humano e a natureza. As noções de justiça ambiental acabou por colocar em suspenso um modelo de desenvolvimento predatório. A perspectiva da ecologia integral passou a postular, justamente, a fraterna interação entre a vida humana e a natureza.

A busca por ter uma vida com qualidade colocou em evidência a necessidade de se repensar ambientes, de maneira a privilegiar tanto o contato constante com a natureza quanto com os animais. O espaço urbano passou a ser transformado, visando inserir a natureza e os animais no cotidiano das pessoas. A concepção de vida na cidade não aceita mais a exclusão da presença do verde e do convívio com os animais.

A justiça ambiental exige uma outra lógica de desenvolvimento e novo sentido de progresso: a manutenção e preservação de áreas verdes, ampliando praças e parques nos espaços urbanos; o controle e a redução da emissão de gases poluentes na atmosfera, preservando a qualidade do ar; a solução dos transportes ágeis e não poluentes, enfrentando o problema da mobilidade; a recuperação e despoluição de rios e a preservação de áreas de mananciais, garantido o direito à água para as futuras gerações. Ainda sonhamos com cidades ecologicamente sustentáveis.

É urgente agora se pensar uma cidade que dê efetividade a essa nova mentalidade, que busca integrar a vida humana, a natureza e a preservação do planeta. O desafio é aperfeiçoar estruturas, no contexto da cidade, que preservem a natureza e protejam e cuidem dos animais. Não é mais possível conceber o desenvolvimento urbano sem colocar como uma das questões centrais a presença dos animais no convívio afetivo e cotidiano com as pessoas.

É possível se encontrar bons exemplos mundo afora, tanto de preservação ambiental quanto de cuidado para com os animais, especialmente os animaizinhos designados como pets: cães e gatos são os mais comuns. É fundamental o envolvimento do poder público, com políticas apropriadas voltadas ao meio ambiente e ao cuidado para com os animais. A criatividade e o engajamento dos cidadãos são fundamentais, de maneira a construir e fortalecer essa nova cultura urbana.

Espalhar pela cidade, permeando as estruturas de concreto, jardins suspensos ou verticais tem se tornado comum, visando trazer a presença do verde. Instalar pelas ruas suportes com água e ração é outra ideia interessante, para cuidar particularmente de animais soltos pelas ruas ou mesmo abandonados. Diversos condomínios têm organizado espaços na área comum para que os animaizinhos não tenham que ficar restritos e isolados no interior dos apartamentos.

Há uma compreensão de que as cidades que cuidam de seus animais e melhor preservam a natureza tendem a ter cidadãos mais empáticos, sensíveis e solidários, compondo espaços saudáveis para uma sociabilidade mais plena, inspirada nos princípios éticos que se desdobram da ecologia integral. A vida urbana pode contemplar, de maneira ampliada, o contato com o verde e construir dinâmicas e estruturas que revelem o amor para com os animais, companheiros queridos na jornada existencial.

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