REGISTRO CIVIL

39% das mulheres não adotam o sobrenome do marido no Estado

Por Ronaldo Castilho | ronaldo.castilho@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 2 min
Claudinho Coradini/JP
Advogada Izildinha Mesquita decidiu não adotar o sobrenome do marido
Advogada Izildinha Mesquita decidiu não adotar o sobrenome do marido

A advogada Izildinha Mesquita, de 49 anos, está em seu terceiro casamento. “Resolvi que neste casamento que estou agora, não iria adotar nenhum nome além do meu. É muito comum hoje em dia as mulheres não adotarem o sobrenome do marido. Quando trabalhei em direito de família, via que as mulheres não estavam querendo adotar o sobrenome do marido, principalmente porque a mulher tem que fazer toda documentação novamente, tem mulheres que já tem uma profissão consolidada e usa o nome em seus negócios, então preferem não colocar o sobrenome do marido. Agora há homens que fazem questão que a mulher adote o seu sobrenome, e por isso elas acabam fazendo, para contentar o marido”, explicou.

Se ostentar o sobrenome do marido já foi um símbolo de status, manter o nome de solteira é, hoje, uma forma de reafirmar a individualidade feminina. A mudança cultural foi captada pelos Cartórios de Registro Civil. Segundo levantamento divulgado nesta semana, houve, nos últimos 20 anos, uma redução de mais de 35,9% no número de mulheres que adotam o sobrenome do marido depois do casamento no Estado de São Paulo. Símbolo de uma sociedade cada vez mais igualitária e da praticidade da vida moderna, a escolha preferencial dos futuros casais tem sido pela manutenção dos sobrenomes de família que hoje representam 39% das opções no momento da habilitação para o casamento.

Em 2002, época em que o atual Código Civil foi publicado, o percentual de mulheres que adotavam o sobrenome do marido no casamento representava 82,2% dos matrimônios no estado. A partir de então, iniciou-se uma queda paulatina desta opção. Entre os anos de 2002 a 2010, a média de mulheres que optavam por acrescer o sobrenome do marido passou a representar 70,5%. Já entre os anos de 2011 a 2020, este percentual passou a ser de 61%

Segundo o vice-presidente da Arpen/SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo), os números são um retrato fiel da sociedade brasileira. “No caso dos casamentos, foi nítido o caminhar da sociedade no sentido de maior igualdade entre os gêneros, com a mulher deixando de estar submissa ao marido e assumindo um papel de protagonismo na vida civil”, explicou.

A auxiliar financeiro Thais Leite, de 46 anos, é casada há 19 anos, e não colocou o sobrenome do marido. “Antigamente era obrigatório certo, porém na minha opinião meu marido não é meu familiar e não tem meu sangue, depois sou filha do meu pai e não do dele e, além de tudo, fazer toda alteração de documento é desnecessário e trabalhoso, dai um dia separa tem que fazer tudo de novo”, declarou.

Como os números de mulheres que adotavam o sobrenome do marido tem caído, escolha das paulistas tem sido pela manutenção dos nomes originais de família, representando um aumento percentual de 34,6%.

Clique para receber as principais notícias da cidade pelo WhatsApp.

Comentários

Comentários