DIA DA MULHER

Conheça as mulheres piracicabanas pioneiras e o impacto da representação política

Por Fernanda Rizzi | fernanda.rizzi@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 4 min
Claudinho Coradini/JP
Poder Legislativo atual conta com quatro mulheres: Rai de Almeida, Alessandra Bellucci, Ana Pavão e Silvia Morales
Poder Legislativo atual conta com quatro mulheres: Rai de Almeida, Alessandra Bellucci, Ana Pavão e Silvia Morales

Hoje, dia 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher. Essa data simboliza a luta histórica das mulheres para terem as suas condições equiparadas às dos homens, representando não apenas uma igualdade salarial como no princípio, mas uma batalha contraomachismo, a violência e sua participação na sociedade.

E, pouco se fala das primeiras mulheres que reivindicaram a história piracicabana, que no passado era uma atitude corajosa, mas que foram ações essenciais para o espaço que as mulheres começam a ganhar em diversos segmentos na atualidade.

O JP resgatou algumas figuras piracicabanas que contribuíram para afeição da cidade que conhecemos atualmente.

Pioneiras piracicabanas: Zayra Bottene, Ditinha Penezzi e Laudelina Cotrin de Castro

Foto: Acervo IHGP e Câmara Municipal

Entre elas, recordamos o pioneirismo de Zayra Bottene: a primeira aviadora da cidade de Piracicaba e a terceira no Brasil a conquistar o Brevê, título de autorização para pilotagem, pela Fedération Aeronautique Internationale. O momento memorável para a história das mulheres piracicabanas aconteceu em 1941. Segundo o escritor e jornalista Cecílio Elias Netto, em uma publicação feita no site “A Província – Paixão por Piracicaba”, o Aero Clube lançou o curso de pilotagem de avião para mulheres, no qual Zayra se candidatou. Mas nada disso foi por acaso! Zayra era filha de João Bottene, pioneiro na utilização de álcool em automóvel, locomotiva e avião no Brasil, juntamente com Pedro Morganti, do Aero Clube de Piracicaba, inaugurado em 1938. Segundo o historiador Lucas Magioli, em uma publicação no site Memorial Acipi, a aviadora pilotava sem autorização e escondida, o avião de seu pai, chamado “Borboleta Azul”.

“Antes de morrer, Zayra Bottene foi homenageada na cidade de Ribeirão Preto pela Câmara Municipal. Ela recebeu a medalha de Honra ao Mérito pelo reconhecimento ao pioneirismo na aviação brasileira no ano de 2001”, cita o historiador.

Não foi só os céus de Piracicaba que marcaram história pelo território nacional, a política também começa a ser conquistada. Embora Piracicaba nunca tenha eleito uma prefeita, a mulher piracicabana começa a ganhar espaço do Poder Legislativo em 1950.

A primeira mulher a ocupar uma cadeira no parlamento piracicabano foi Laudelina Cotrin de Castro (1907 - 1981), como suplente. Filiada ao PSP (Partido Social Progressista), foi professora, animadora cultural e musicista. Laudelina formou-se em 1932, na antiga “Escola Normal Oficial de Piracicaba”, posteriormente denominada “Escola Normal Sud Mennucci”, onde também lecionou por muitos anos. Sua trajetória como professora também marca na “Escola Normal Miss MarthaWatts” do Colégio Piracicabano.

Já a primeira mulher eleita vereadora pelo voto popular direto em toda a história de Piracicaba, como candidata do Partido Social Progressista, nas eleições realizadas em 1955, foi Maria Benedita Pereira Penezzi (1917 – 1985), conhecida como Ditinha Penezzi. Segundo informações da Câmara Municipal de Piracicaba, após cumprir seu primeiro mandato, foi reeleita cumprindo consecutivas legislaturas (1956-1959, 1960-1963, 1964-1968, 1969-1972), passando pelos partidos PSD e PSP. Ditinha era uma mulher negra, o que tornou a sua eleição muito mais significativa.

Suas proposituras apresentavam preocupações com os mais pobres. Entre os destaques, está o seu projeto de lei 76/1956, que destinou a quantia de 10.000 cruzeiros para a comemoração de Natal dos piracicabanos internados no Asilo Colônia Pirapitingui, um leprosário localizado em Itu, que confinava cerca de 4 mil pessoas com hanseníase. Outro foi a indicação 167/1956, que sugeria à prefeitura, a confecção de uniformes para os varredores municipais, já que eles recebiam baixos salários.

Zayra Bottene, Laudelina Cotrin de Castro e Maria Benedita Pereira Penezzi fizeram toda a diferença na cidade em que vivemos hoje. No Poder Legislativo de Piracicaba, apenas 17 mulheres já ocuparam as cadeiras legislativas. Nos atuais mandatos da Câmara Municipal, de 23 vereadores, apenas 4 são mulheres, sendo elas: Alessandra Bellucci (REP), Ana Pavão (PL), Rai de Almeida (PT)eSilvia Morales (PV).

“Somos mais de 50% da população e aproximadamente 15% na política, ou seja, precisamos além de romper este machismo – que traz esta porcentagem maior do homem na política – pensar em propor políticas públicas para mulheres, pois, embora tenham homens que propõem e trazem a pauta de gênero, nós realmente temos mais sensibilidade e sabemos do que precisamos”, conta Silvia Morales ao JP.

Mas, ainda assim, essa luta não para. “Sempre lutei pelos direitos de igualdade de gênero, de oportunidade e de direitos para todas. Sempre batalhei para que as mulheres de Piracicaba se sentissem e se sintam pertencentes à cidade –e saibam são parte significativa dessa história. Apesar de hoje ainda encontrarmos muitas barreiras para que essa plenitude possa ser de fato vivida”, relata Rai de Almeida.

Para Ana Pavão poder representar as mulheres piracicabanas na política é motivo de orgulho. “Estar nessa posição como vereadora é gratificante por saber que posso ajudar a mulher a ter voz, lugar, espaço, força e saber que somos capazes de tudo”, enfatiza ela.

Alessandra Bellucci ressalta que a mulher tem olhares diferenciados para criar políticas públicas. “É importante ter mulheres dentro dos cargos políticos para que essas políticas públicas sejam criadas por nós. Muitos dos homens não possuem a visões que nós temos”, finaliza.

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