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29 de março de 2023

THAIS VIEIRA

THAIS VIEIRA

‘Ser a primeira mulher a dirigir a Esalq representa uma quebra de barreira’

‘Ser a primeira mulher a dirigir a Esalq representa uma quebra de barreira’

A Esalq/USP, como instituição pública, tem que caminhar para atender o que a sociedade precisa

A Esalq/USP, como instituição pública, tem que caminhar para atender o que a sociedade precisa

Por Ronaldo Castilho | 06/03/2023 | Tempo de leitura: 9 min
ronaldo.castilho@jpjornal.com.br

Por Ronaldo Castilho
ronaldo.castilho@jpjornal.com.br

06/03/2023 - Tempo de leitura: 9 min

Alessandro Maschio/JP

Thais Maria Ferreira de Souza Vieira, primeira mulher a dirigir a Esalq/USP

Thais Maria Ferreira de Souza Vieira nasceu em 19 de julho de 1972, em Indaiatuba-SP. Casada com o engenheiro agrônomo Sérgio Ivancko, mãe de Pedro de 18, e Rafael de 16 anos. É Engenheira Agrônoma formada pela Esalq/USP em 1995. É Doutora em Tecnologia de Alimentos pela Unicamp (2003), com período sanduíche no CIRAD, Montpellier, França e Livre Docente pela USP (2015). Foi pesquisadora visitante na University of California, Davis (2018-2019) e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (2003-2005). Foi vice-coordenadora da Comissão de Coordenação de Curso – Engenharia Agronômica (2012-2015), coordenadora da Comissão de Coordenação de Curso – Ciências dos Alimentos (2015-2018) e presidente da Comissão de Graduação da Esalq desde (2019-2023). Desde 2021 é Coordenadora do Subcolegiado de Agricultura, Silvicultura, Pesca e Veterinária e membro do Conselho Deliberativo da CTAA - Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação, INEP/MEC. Coordenadora de convênios de cooperação internacional (ONIRIS, Institut Agro, Bordeaux Sciences Agro, Vetagrosup, UFRO) e do programa de duplo diploma Esalq/ONIRIS (França). Foi vencedora do Prêmio de Excelência em Docência de Graduação da Esalq e do Prêmio de Excelência em Docência da USP, ambos em 2013. Ministra disciplinas de graduação e pós-graduação em desenvolvimento de produtos e processos e coordena projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados à otimização de processos, utilizando tecnologias amigáveis ao meio ambiente, para obtenção de ingredientes funcionais a partir de coprodutos e resíduos agroindustriais, com foco em antioxidantes e com aderência ao ODS 12.

Nesta entrevista ao Persona do Jornal de Piracicaba, a diretora faz um balanço da atuação como acadêmica e quais serão os próximos passados à frente de uma das maiores universidades da América Latina.

Como surgiu o interesse em fazer o curso de engenharia agronômica? Visualizava ocupar a diretoria?

O interesse pela Esalq surgiu desde que eu era criança, ainda na escola. E surgiu porque estudei no CLQ, em Piracicaba, uma escola fundada por egressos da Esalq. Assim eu tive aulas de Física, de Química, de Matemática, com professores formados na Esalq. Fora isso, eu tinha a convivência com alguns professores da Esalq porque meu pai era professor dessa escola. Desde muito nova eu conhecia a professora Tsai Siu Mui, formada na Esalq e docente no Cena/USP, a professora Marilia Oetterer, que eram casadas com professores do CLQ e tinham filhos na mesma idade, eram amigos meus e dos meus irmãos. Tudo isso me estimulou de maneira que quando fui prestar vestibular, só prestei um vestibular, o da Fuvest, porque era essa a carreira que eu queria seguir. De início não visualizava ocupar cargos administrativos. Na graduação eu decidi experimentar. Meu primeiro estágio foi na Genética, com melhoramento de animais. Fiz disciplinas optativas na genética porque eu acreditava que trabalharia nessa área. Depois fiz estágio com cultura de tecidos e após quando cursei a disciplina Qualidade e Processamento de Alimentos me interesse por essa área. Ao final do curso, fiz iniciação científica e despertei para a área acadêmica e seguir na área de pesquisa, fazer mestrado e doutorado. Após me formar fui trabalhar na Embrapa como pesquisadora e só voltei na Esalq com a oportunidade de um concurso na área.

Porque a senhora deixou a Embrapa e voltou para Piracicaba para assumir o cargo de docente na Esalq?

Essa foi uma questão feita inclusiva no meu concurso de admissão. Eu gostava muito da Embrapa, trabalhava Embrapa Tecnologia de Alimentos na unidade de Guaratiba, no Rio de Janeiro. E quando surgiu o edital do concurso eu estava licença maternidade, com um filho muito pequeno. Então foi uma decisão profissional, aliada ao profissional. Pois eu trabalhava na Embrapa e ainda era sozinha, não tinha filhos. Aí o panorama mudou, com a chegada do filho. Então a opção pessoal pesou muito. E não me arrependo nem um pouco. Gostava muito da Embrapa, continuo tendo ótimo relacionamento com os colegas de lá. Inclusive quando saiu o resultado do concurso na Esalq eu avisei meu então chefe Amauri Rosental antes de avisar a família. E acho que o grande diferencial de carreira é que a Embrapa é uma excelente instituição de pesquisa, mas aqui na Esalq, além da pesquisa temos ensino e o contato com os alunos, algo que na Embrapa não acontecia. E gostei muito de começar então minha carreira como professora.

Enquanto presidente da Comissão de Graduação, o que o período de aulas à distância lhe ensinou?

O primeiro ponto foi exercer a capacidade de escutar e analisar as especificidades de cada disciplina pois foi uma mudança muito rápida e as alterações necessárias foram colocadas em prática em um tempo recorde. Mas tudo isso com muitas reuniões de adaptações. A decisão de não pararmos, que foi tomada pela graduação no dia seguinte no qual tivemos a notícia de que as aulas seriam suspensas, não foi fácil e teve muita resistência. Alguns queriam continuar com as aulas presenciais, outros não queriam dar aulas on-line, enfim, tudo exigiu um exercício de conversar e manter o diálogo aberto envolvendo as pessoas. Percebemos as pessoas tentando se ajudar e me ensinou que é preciso termos diretrizes muito claras para as pessoas seguirem, mas mantendo nossa sensibilidade para atender as particularidades de cada um. Na Esalq por exemplo, se considerarmos que uma mesma disciplina é ofertada para várias turmas diferentes, temos mais de 700 turmas por semestre. Isso exigiu muito controle para identificarmos os problemas. Ao final, todas as disciplinas obrigatórias foram oferecidas, mesmo com algumas dificuldades de adaptações. Algo muito importante de destacar é que tão difícil quanto foi migrar para aquele modelo on-line emergencial foi a volta. Ainda estamos nos adaptando nesse pós-pandemia pois ainda que aquele momento tenha mostrando nossa capacidade de mudar um modelo de formato de aulas, a volta também tem exigido uma certa readaptação.

Porque decidiu se candidatar ao cargo de diretora e como surge essa parceria que culminou na chapa com o prof. Marcos Milan?

Discutir o papel da Universidade e da Esalq e as concepções dessas instituições é sempre importante e deve fazer parte da nossa vida acadêmica. E no momento de renovação da diretoria, essa discussão foi iniciada em um grupo que começou pequeno, com pessoas envolvidas nas comissões administrativas (Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Cultura e Extensão). No segundo semestre de 2022 eu estava envolvida na elaboração do Projeto Acadêmico da Esalq e como eu era presidente da Comissão de Graduação, estava no grupo que tinha a incumbência de avaliar os relatórios dos departamentos. Assim, com esse processo muitas reflexões vieram à tona e começamos a conversar e avaliar o futuro da Esalq. Assim nasceu a ideia de uma candidatura de chapa e dentro desse grupo os nomes foram sendo avaliados dentro de alguns compromissos. Assim surgiu meu nome e do professor Milan, como líderes dessa proposta, ou seja, como os nomes que iriam compor a chapa na eleição para a nova gestão da diretoria da Esalq. E entendo que pela experiência que eu trouxe da Comissão de Graduação e como professora meu nome foi indicado. E o professor Milan, que fazia parte desse grupo, traz uma enorme experiência em gestão e um equilíbrio para a chapa. Vejo como muita positividade a parceria com professor Milan para a comunidade da Esalq.

Quais os diferenciais a senhora colocará como marcas dessa gestão?

Quero fazer a melhor gestão possível. Não tenho a ambição de ter uma obra com uma plaquinha em algum lugar pois penso que isso deva ser a consequência do trabalho. O marco da gestão é realmente nos organizarmos para discutirmos aquilo que importa e que as comissões administrativas possam ser ouvidas e possamos valorizar as decisões desses colegiados. Outro ponto que tocamos ainda na campanha é a importância de estabelecermos procedimentos para que a nossa equipe de servidores não docentes, que é fundamental para a existência da unidade, possa ter os fluxos de trabalho muito bem definidos. Temos ótimas pessoas trabalhando na Esalq e minha ideia é otimizar essa governança pois isso é essencial para levarmos adiante os projetos a serem propostos pelas comissões, serviços e departamentos administrativos, além do alinhamento com a Prefeitura do Campus, o Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) e o Centro de Tecnologia da Informação, que são as outras unidades que compõem o Campus “Luiz de Queiroz”, da USP em Piracicaba.

Significado de ser a primeira mulher a assumir a Esalq e se isso é um reflexo da presença feminina no agro?

É algo que já vem acontecendo no setor. Grandes empresas como a Bayer tem uma CEO mulher, inclusive é uma egressa da Esalq. No setor agroalimentar, felizmente não é incomum termos a presença de mulheres nas áreas que temos aqui na Esalq. Portanto a chegada das mulheres em cargos de gestão é um movimento natural e agora chegou a vez da diretoria da Esalq.

Entre as unidades fundadoras da Universidade de São Paulo, somente em 2018, a Escola Politécnica empossou sua primeira diretora, a professora Liedi Légi Bariani Bernucci. No início do mês de novembro de 2022, Eloisa Bonfá assumiu como a primeira diretora da Faculdade de Medicina após 110 anos de fundação. Agora, prestes a completar 122 anos, chegou a vez de uma mulher assumir o cargo na Esalq, uma dessas unidades pioneiras da USP. Para Thais Vieira, ser eleita a primeira mulher diretora da Esalq representa a retirada de uma barreira.

Temos que ir eliminando essas barreiras que existem hierarquicamente na sociedade. Esse é um movimento que vem ganhando força e esperamos que assim continue, num processo com equidade, com mulheres e homens ocupando os mesmos espaços, mantendo as diferenças de cada um.

Como a Esalq pode estimular a nova geração a seguir carreiras na atividade agrícola?

Isso passa por um trabalho forte de comunicação, que pode ajudar a sociedade identificar o que a Esalq proporciona. Mas quando eu ouço que o agro deve melhorar sua imagem, eu discordo em partes. O que devemos fazer, na verdade, e que pode convencer o público jovem a investir em profissões ligadas a atividade agrícola é mostrarmos a realidade daquilo que já é muito bem-feito no setor produtivo. A imagem deve ser uma consequência. Então podemos destacar a organização das cadeias produtivas, os sistemas regenerativos e evidenciar pessoas que estão fazendo a diferença na sociedade. E nossos egressos se destacam nesse cenário de positividade, ocupando cargos em grandes empresas, em setores governamentais, em organizações não governamentais, enfim, no setor de produção de alimentos, de energia e fibras.

Quais os rumos e perspectivas para a Esalq nas próximas décadas?

A Esalq, como instituição pública, tem que caminhar para atender o que a sociedade precisa. Temos que ter propostas para Ensino, Pesquisa, Inovação e Extensão, sempre aderentes ao que a sociedade espera. E respeitando nossos valores. Mantendo a excelência no ensino, pesquisa e extensão, seguindo valores da Universidade de São Paulo. E ao longo da nossa caminhada, devemos sempre fazer as mudanças necessárias a fim de continuamos competitivos em termos ações para os alunos, captação de recursos d fomento à pesquisa com apoio público e privado e sempre levando esses resultados à sociedade, o que é mais importante.

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Thais Maria Ferreira de Souza Vieira nasceu em 19 de julho de 1972, em Indaiatuba-SP. Casada com o engenheiro agrônomo Sérgio Ivancko, mãe de Pedro de 18, e Rafael de 16 anos. É Engenheira Agrônoma formada pela Esalq/USP em 1995. É Doutora em Tecnologia de Alimentos pela Unicamp (2003), com período sanduíche no CIRAD, Montpellier, França e Livre Docente pela USP (2015). Foi pesquisadora visitante na University of California, Davis (2018-2019) e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos (2003-2005). Foi vice-coordenadora da Comissão de Coordenação de Curso – Engenharia Agronômica (2012-2015), coordenadora da Comissão de Coordenação de Curso – Ciências dos Alimentos (2015-2018) e presidente da Comissão de Graduação da Esalq desde (2019-2023). Desde 2021 é Coordenadora do Subcolegiado de Agricultura, Silvicultura, Pesca e Veterinária e membro do Conselho Deliberativo da CTAA - Comissão Técnica de Acompanhamento da Avaliação, INEP/MEC. Coordenadora de convênios de cooperação internacional (ONIRIS, Institut Agro, Bordeaux Sciences Agro, Vetagrosup, UFRO) e do programa de duplo diploma Esalq/ONIRIS (França). Foi vencedora do Prêmio de Excelência em Docência de Graduação da Esalq e do Prêmio de Excelência em Docência da USP, ambos em 2013. Ministra disciplinas de graduação e pós-graduação em desenvolvimento de produtos e processos e coordena projetos de pesquisa e desenvolvimento voltados à otimização de processos, utilizando tecnologias amigáveis ao meio ambiente, para obtenção de ingredientes funcionais a partir de coprodutos e resíduos agroindustriais, com foco em antioxidantes e com aderência ao ODS 12.

Nesta entrevista ao Persona do Jornal de Piracicaba, a diretora faz um balanço da atuação como acadêmica e quais serão os próximos passados à frente de uma das maiores universidades da América Latina.

Como surgiu o interesse em fazer o curso de engenharia agronômica? Visualizava ocupar a diretoria?

O interesse pela Esalq surgiu desde que eu era criança, ainda na escola. E surgiu porque estudei no CLQ, em Piracicaba, uma escola fundada por egressos da Esalq. Assim eu tive aulas de Física, de Química, de Matemática, com professores formados na Esalq. Fora isso, eu tinha a convivência com alguns professores da Esalq porque meu pai era professor dessa escola. Desde muito nova eu conhecia a professora Tsai Siu Mui, formada na Esalq e docente no Cena/USP, a professora Marilia Oetterer, que eram casadas com professores do CLQ e tinham filhos na mesma idade, eram amigos meus e dos meus irmãos. Tudo isso me estimulou de maneira que quando fui prestar vestibular, só prestei um vestibular, o da Fuvest, porque era essa a carreira que eu queria seguir. De início não visualizava ocupar cargos administrativos. Na graduação eu decidi experimentar. Meu primeiro estágio foi na Genética, com melhoramento de animais. Fiz disciplinas optativas na genética porque eu acreditava que trabalharia nessa área. Depois fiz estágio com cultura de tecidos e após quando cursei a disciplina Qualidade e Processamento de Alimentos me interesse por essa área. Ao final do curso, fiz iniciação científica e despertei para a área acadêmica e seguir na área de pesquisa, fazer mestrado e doutorado. Após me formar fui trabalhar na Embrapa como pesquisadora e só voltei na Esalq com a oportunidade de um concurso na área.

Porque a senhora deixou a Embrapa e voltou para Piracicaba para assumir o cargo de docente na Esalq?

Essa foi uma questão feita inclusiva no meu concurso de admissão. Eu gostava muito da Embrapa, trabalhava Embrapa Tecnologia de Alimentos na unidade de Guaratiba, no Rio de Janeiro. E quando surgiu o edital do concurso eu estava licença maternidade, com um filho muito pequeno. Então foi uma decisão profissional, aliada ao profissional. Pois eu trabalhava na Embrapa e ainda era sozinha, não tinha filhos. Aí o panorama mudou, com a chegada do filho. Então a opção pessoal pesou muito. E não me arrependo nem um pouco. Gostava muito da Embrapa, continuo tendo ótimo relacionamento com os colegas de lá. Inclusive quando saiu o resultado do concurso na Esalq eu avisei meu então chefe Amauri Rosental antes de avisar a família. E acho que o grande diferencial de carreira é que a Embrapa é uma excelente instituição de pesquisa, mas aqui na Esalq, além da pesquisa temos ensino e o contato com os alunos, algo que na Embrapa não acontecia. E gostei muito de começar então minha carreira como professora.

Enquanto presidente da Comissão de Graduação, o que o período de aulas à distância lhe ensinou?

O primeiro ponto foi exercer a capacidade de escutar e analisar as especificidades de cada disciplina pois foi uma mudança muito rápida e as alterações necessárias foram colocadas em prática em um tempo recorde. Mas tudo isso com muitas reuniões de adaptações. A decisão de não pararmos, que foi tomada pela graduação no dia seguinte no qual tivemos a notícia de que as aulas seriam suspensas, não foi fácil e teve muita resistência. Alguns queriam continuar com as aulas presenciais, outros não queriam dar aulas on-line, enfim, tudo exigiu um exercício de conversar e manter o diálogo aberto envolvendo as pessoas. Percebemos as pessoas tentando se ajudar e me ensinou que é preciso termos diretrizes muito claras para as pessoas seguirem, mas mantendo nossa sensibilidade para atender as particularidades de cada um. Na Esalq por exemplo, se considerarmos que uma mesma disciplina é ofertada para várias turmas diferentes, temos mais de 700 turmas por semestre. Isso exigiu muito controle para identificarmos os problemas. Ao final, todas as disciplinas obrigatórias foram oferecidas, mesmo com algumas dificuldades de adaptações. Algo muito importante de destacar é que tão difícil quanto foi migrar para aquele modelo on-line emergencial foi a volta. Ainda estamos nos adaptando nesse pós-pandemia pois ainda que aquele momento tenha mostrando nossa capacidade de mudar um modelo de formato de aulas, a volta também tem exigido uma certa readaptação.

Porque decidiu se candidatar ao cargo de diretora e como surge essa parceria que culminou na chapa com o prof. Marcos Milan?

Discutir o papel da Universidade e da Esalq e as concepções dessas instituições é sempre importante e deve fazer parte da nossa vida acadêmica. E no momento de renovação da diretoria, essa discussão foi iniciada em um grupo que começou pequeno, com pessoas envolvidas nas comissões administrativas (Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Cultura e Extensão). No segundo semestre de 2022 eu estava envolvida na elaboração do Projeto Acadêmico da Esalq e como eu era presidente da Comissão de Graduação, estava no grupo que tinha a incumbência de avaliar os relatórios dos departamentos. Assim, com esse processo muitas reflexões vieram à tona e começamos a conversar e avaliar o futuro da Esalq. Assim nasceu a ideia de uma candidatura de chapa e dentro desse grupo os nomes foram sendo avaliados dentro de alguns compromissos. Assim surgiu meu nome e do professor Milan, como líderes dessa proposta, ou seja, como os nomes que iriam compor a chapa na eleição para a nova gestão da diretoria da Esalq. E entendo que pela experiência que eu trouxe da Comissão de Graduação e como professora meu nome foi indicado. E o professor Milan, que fazia parte desse grupo, traz uma enorme experiência em gestão e um equilíbrio para a chapa. Vejo como muita positividade a parceria com professor Milan para a comunidade da Esalq.

Quais os diferenciais a senhora colocará como marcas dessa gestão?

Quero fazer a melhor gestão possível. Não tenho a ambição de ter uma obra com uma plaquinha em algum lugar pois penso que isso deva ser a consequência do trabalho. O marco da gestão é realmente nos organizarmos para discutirmos aquilo que importa e que as comissões administrativas possam ser ouvidas e possamos valorizar as decisões desses colegiados. Outro ponto que tocamos ainda na campanha é a importância de estabelecermos procedimentos para que a nossa equipe de servidores não docentes, que é fundamental para a existência da unidade, possa ter os fluxos de trabalho muito bem definidos. Temos ótimas pessoas trabalhando na Esalq e minha ideia é otimizar essa governança pois isso é essencial para levarmos adiante os projetos a serem propostos pelas comissões, serviços e departamentos administrativos, além do alinhamento com a Prefeitura do Campus, o Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) e o Centro de Tecnologia da Informação, que são as outras unidades que compõem o Campus “Luiz de Queiroz”, da USP em Piracicaba.

Significado de ser a primeira mulher a assumir a Esalq e se isso é um reflexo da presença feminina no agro?

É algo que já vem acontecendo no setor. Grandes empresas como a Bayer tem uma CEO mulher, inclusive é uma egressa da Esalq. No setor agroalimentar, felizmente não é incomum termos a presença de mulheres nas áreas que temos aqui na Esalq. Portanto a chegada das mulheres em cargos de gestão é um movimento natural e agora chegou a vez da diretoria da Esalq.

Entre as unidades fundadoras da Universidade de São Paulo, somente em 2018, a Escola Politécnica empossou sua primeira diretora, a professora Liedi Légi Bariani Bernucci. No início do mês de novembro de 2022, Eloisa Bonfá assumiu como a primeira diretora da Faculdade de Medicina após 110 anos de fundação. Agora, prestes a completar 122 anos, chegou a vez de uma mulher assumir o cargo na Esalq, uma dessas unidades pioneiras da USP. Para Thais Vieira, ser eleita a primeira mulher diretora da Esalq representa a retirada de uma barreira.

Temos que ir eliminando essas barreiras que existem hierarquicamente na sociedade. Esse é um movimento que vem ganhando força e esperamos que assim continue, num processo com equidade, com mulheres e homens ocupando os mesmos espaços, mantendo as diferenças de cada um.

Como a Esalq pode estimular a nova geração a seguir carreiras na atividade agrícola?

Isso passa por um trabalho forte de comunicação, que pode ajudar a sociedade identificar o que a Esalq proporciona. Mas quando eu ouço que o agro deve melhorar sua imagem, eu discordo em partes. O que devemos fazer, na verdade, e que pode convencer o público jovem a investir em profissões ligadas a atividade agrícola é mostrarmos a realidade daquilo que já é muito bem-feito no setor produtivo. A imagem deve ser uma consequência. Então podemos destacar a organização das cadeias produtivas, os sistemas regenerativos e evidenciar pessoas que estão fazendo a diferença na sociedade. E nossos egressos se destacam nesse cenário de positividade, ocupando cargos em grandes empresas, em setores governamentais, em organizações não governamentais, enfim, no setor de produção de alimentos, de energia e fibras.

Quais os rumos e perspectivas para a Esalq nas próximas décadas?

A Esalq, como instituição pública, tem que caminhar para atender o que a sociedade precisa. Temos que ter propostas para Ensino, Pesquisa, Inovação e Extensão, sempre aderentes ao que a sociedade espera. E respeitando nossos valores. Mantendo a excelência no ensino, pesquisa e extensão, seguindo valores da Universidade de São Paulo. E ao longo da nossa caminhada, devemos sempre fazer as mudanças necessárias a fim de continuamos competitivos em termos ações para os alunos, captação de recursos d fomento à pesquisa com apoio público e privado e sempre levando esses resultados à sociedade, o que é mais importante.

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