ARTIGO

Vitórias e derrotas

Por André Salum |
| Tempo de leitura: 2 min

Nossas experiências, sejam pessoais, profissionais ou afetivas, nos atestam que vivemos entre derrotas e vitórias, conquistas e frustrações. Nesse contexto, considerar alguma ocorrência como sucesso ou fracasso depende dos critérios de quem os vivencia e analisa. Por exemplo, a perda de um emprego pode significar, à primeira vista, um fracasso profissional. Por outro lado, pode ser oportunidade de se encontrar um trabalho melhor, de se preparar para outras atividades profissionais, de descobrir e desenvolver novas habilidades. Outro exemplo é o de trabalhos considerados, por uma visão limitada e preconceituosa, de menor importância, por não representarem o sucesso convencional. Sob uma compreensão ampliada, podem ser oportunidades de se exercitar a cooperação, a disciplina e a humildade, dentre outras virtudes que podem ser exercidas em qualquer lugar, inclusive e particularmente onde se trabalha. Além disso, alguém pode estar exercendo tarefas e missões totalmente ignoradas pelos demais, que observam apenas as aparências e os aspectos exteriores.

Qualquer situação considerada fracasso traz implícitas na sua ocorrência valiosas lições, as quais, se bem compreendidas, podem servir de elementos necessários aos próximos passos no rumo do que se considera vitória. Além disso, sob uma perspectiva espiritual e evolutiva não existem derrotas definitivas, pois a vida é pródiga e aberta, oferecendo a todos oportunidades de recomeçar, refazer e reconstruir.

De um ponto de vista evolutivo e sistêmico, muitos dos nossos objetos de desejo e ambição, que incluímos no rol do sucesso – fama, poder, conforto, riqueza – podem ser inadequados ou perigosos, pois, se conquistados sem a necessária sabedoria, geram desarmonias e induzem a desvios do cumprimento dos propósitos existenciais para os quais nos encontramos neste mundo.

Muitas vitórias genuínas ocorrem no anonimato e não recebem a apreciação pública, testemunhadas apenas pela própria consciência: superação de vícios, exercício do desapego, perdão e amor incondicionais, renúncia a interesses pessoais, abnegação em favor de outrem, sacrifício de interesses pessoais a fim de servir melhor a propósitos enobrecedores – vitórias silenciosas que passam despercebidas da maioria, atenta apenas a fenômenos externos e aparentes.

Parece importante lembrarmos que a mudança e a impermanência são as constantes que nos acompanham. Sob tal perspectiva, torna-se mais fácil conservar a serenidade diante de fracassos, perdas ou derrotas, sabendo que são fases passageiras, as quais, cedo ou tarde, cederão lugar a novas e mais significativas conquistas e realizações. Como muitas dessas ocorrências são inevitáveis, a conquista da paz interior torna-se fundamental para  enfrentá-las, sustentando a serenidade no caminho evolutivo.

Reconhecer as aparentes derrotas e os eventuais insucessos como naturais fases da jornada, necessárias ao amadurecimento consciencial ou como alavancas de futuras realizações enseja uma visão lúcida e otimista, a qual, alimentada pela fé e sustentada pelo correto cumprimento das tarefas que cabem a cada um, favorece o prosseguimento nas experiências materiais em que nos encontramos. A fim de atingirmos esse almejado equilíbrio e equanimidade, a assimilação de instruções espirituais e seu cultivo fornecem rico material para aprendizado e prática, favorecendo as conquistas e realizações de natureza interior, com repercussões positivas nos diversos aspectos exteriores da vida.

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