Você meu caro leitor ou leitora, já ouviu falar na palavra “Envelhescente”? Este termo foi criado pelo sociólogo e psicanalista brasileiro Manoel Berlick que traz um neologismo com a adolescência. É aquele periodo segundo ele, que estamos caminhando para a velhice, mas com o comportamento e hábitos que não condizem com a realidade da idade.

Existe um excelente filme que fala sobre isso que se chama “Envelhescencia” e esta disponível nos players na internet de graça para assistir. O filme mostra que nunca é tarde para se reinventar já que apesar da idade, você pode rejuvenescer em qualquer idade, afinal, há jovens muito velhos e velhos muito jovens! Viver de maneira plena, através do desejo de viver esta vida sob o olhar de novas experiencias após os 60 anos é o foco do documentário quando mostra o “senhor” Edson que se formou em medicina aos 84 anos de idade, o “senhor” Osvaldo que divide aos 80 anos de idade o trabalho com as corridas de rua e também o “senhor” Luis que salta de paraquedas com vitalidade aos seus 70 anos de idade.

Eu me orgulho de alunos ou pessoas que vejo que estão nesta envelhescencia. Tenho alunos assim. Outro dia em uma corrida na Esalq encontrei uma “senhora” loira, de cabelo curto, e a parabenizei, pois estava correndo. Ela me disse “ E olha que sou uma vovó de 80 anos de idade”. Não é maravilhoso isso?

Estes envelhescentes percebem a passagem do tempo, as limitações do corpo e a finitude da vida de uma forma diferenciada. Com certeza ao envelhecermos estaremos lidando com estas questões que nos fazem refletir até no proprio sentido que a vida tem! A opção deste envelhecimento se dá pela qualidade, pelas escolhas, que de certa forma se tormam sábias, pelas experiencias da vida. As percepções agudas que o tempo proporciona ao corpo, são alteradas e percebidas de forma diferente. A pele pode ganhar rugas e mudar seu tônus. Os cabelos podem estar mais brancos, os olhos já não são mais de Lince e é preciso o uso de óculos, mas estas questões nem sempre incomodam, já que orientam melhor as energias para esta vida com mais qualidade. O “bom senso” se torna operante e o aproveitar a vida intensamente a cada minuto é a realidade contraria ao movimento natural que a vida proporciona neste processo. Um verdadeiro cala a boca para muitas pessoas que vivem do pessimismo durante estes envelhecer, ou até entre os mais novos!

Há cem anos atrás, uma pessoa de 40 anos já era considerada “idosa”. Passados 100 anos, o sentido mudou do que é “idoso” e foi alterado. Ainda como sociedade devemos trabalhar muito questões relacionadas ao etarismo, que muitas vezes se tornam infundadas. Eu mesmo já conversei com dezenas de empresários onde falam que estas pessoas mais “velhas” apesar de não terem o mesmo conhecimento tecnológico dos jovens, são muito mais comprometidos com o trabalho. Engraçado não? Ao mesmo tempo que não estamos velhos para trabalhar, estão fora de prazo para encontrar empregos. Mal sabem alguns empresários o quanto aumentariam seu faturamento ou atendimento com eles.

Envelhecer pode não ser justo, depois de tantas experiencias de vida, mas pode se tornar excelente se não envelhecermos na alma. Encontrar um sentido no se viver é uma tarefa diária para toda a vida, afinal, parafraseado Vinicius de Moraes “Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão...a gente mal nasce, começa a morrer...”