ARTIGO

Somos muito mais que a aparência

Por Fabiane Fischer | 09/02/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Hoje, quero falar um pouco sobre vícios e o estrago que isso causa na vida daqueles que os tem. Todas as vezes que recebo uma pessoa em meu escritório e a escuto, vou muito além de sua fala, de sua aparência e do seu histórico, meu maior intuito no momento da consulta é penetrar a sua alma e desvendar todas as suas dores. Sempre falo, na primeira sessão que naquele momento, a aparência, o verniz social e a “embalagem” que habitamos deve ficar em segundo plano e o que me importa são as dores da alma desta pessoa, sempre coloco que é a minha alma frente a alma de quem está a minha frente. Neste momento, todos os detalhes relatados são de extrema importância e os detalhes fazem toda a diferença.

Naquele momento estou em frente a uma pessoa, entendendo o resultado de vida que na maioria das vezes não é positivo, alcançado por muitas quedas, decepções e dores que a vida proporcionou.

Quando olho nos olhos desta pessoa e mergulho em sua alma, procuro desvendar os segredos que o aprisionam e muitas vezes esses olhos trazem memórias cansadas de momentos tristes, angustiantes ou traumas que podem carregar desde a infância, por não conseguir naquele momento entender, interpretar e dar o significado correto.

Ao longo de minha jornada para ajudar dependentes químicos a mudarem de vida, me deparei com histórias muito dolorosas e geralmente bastante estigmatizadas, nas quais seus protagonistas perderam a esperança, a vontade de viver, a autoestima e o senso de humanidade. A vida passa a não ter mais um significado e muito menos importância. A pessoa que possui um vício está gritando desesperadamente por socorro, está sufocada em suas dores, mas a “embalagem”, corpo físico já adulto, o impede de chorar e de pedir ajuda sem parecer fraco. A fragilidade muitas vezes é confundida com fracasso e te garanto que são coisas absolutamente opostas. Fragilidade é sinônimo de ser humano, de sentir e de ser sensível aos acontecimentos. E garanto que esta vulnerabilidade é muito mais bem interpretada pela família e amigos do que quando a pessoa passa a ser usuária de qualquer tipo de entorpecente, o qual traz dor e destruição não apenas para o usuário mas para todos os que são codependentes. Todos em maior ou menor grau somos vulneráveis e está tudo bem, pois ninguém consegue ser forte o tempo todo, somos humanos em constante evolução e desenvolvimento. Vulnerável pra mim não significa que a pessoa está frágil e incapaz de algum ato, significa apenas que precisa de um colo, de uma ajuda até se sentir fortalecida a ponto de voltar a caminhar, não mais sozinha, mas com a ajuda das pessoas que a amam verdadeiramente. E tem algo mais precioso do que o amor verdadeiro e incondicional para salvarmos uns aos outros?

 Em praticamente todos os casos, a autoimagem é distorcida e a pessoa se compara ao que tem de pior, como se ela não fosse merecedora do que é bom, de quem é bom, do que faz bem, da felicidade. Não enxergar-se acaba gerando autoflagelo e isso só nos distancia de quem somos num ciclo vicioso muito prejudicial. Quando nos entregamos ao que nos torna frágeis diante dos desafios da vida e da própria existência, acaba existindo um afastamento natural daqueles que nos acompanham no cotidiano, pelo simples fato de que estamos afastados, antes de tudo, de nós mesmos.

Já pensou no quanto para essa alma que se entrega à dependência química a vida dói, a vida é pesada a ponto de ela preferir se anestesiar para não sentir o que está sentindo? A dor é tanta que ela só quer parar de sentir.

Existem muitas técnicas para que você possa recuperar e retomar a sua vida, e fazer TER e SER quem você sempre sonhou. Acredite você pode se transformar e ter a paz e tranquilidade que tanto almeja.

Com carinho, Fabiane Fischer.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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