ARTIGO

Ópera das insandisses

Por José Osmir Bertazzoni | 08/02/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Muito sábio, Elias Sallum (em saudosa memória), como professor, me disse que o avanço da idade é realmente medido pelo aumento de sua atenção às pessoas que morrem e ao número de funerais a que você assiste. Nossos também saudosos avós confirmaram.

Temos que o número de óbitos que fomos obrigados a contabilizar durante a pandemia da Covid-19 (mais de 700 mil vidas), que não poupou os mais jovens e nos causou muitas perdas, amigos, parentes etc. Perdemos as contas de todos os que nos eram amigos que pereceram nesta catástrofe. Somos sobreviventes.

Será que aprendemos a lição? Vejo que não! Em nossa região, por exemplo, certos vereadores de extrema-direita (pobre, operário e defensor da monarquia. - Parece piada? não é! É assim que se identificaram durante a pandemia que chamavam de “peste chinesa” e transloucados com outros iguais) saiam às ruas contra as restrições sanitárias e defendendo tratamentos precoces sem comprovações cientificas.

Sonho de loucos que se autointitularam “patriotas” e se vestiam de verde e amarelo chamando quem não concordavam com eles de comunistas, que defendiam pautas contrárias à democracia, propugnando pela intervenção militar, sitiados em frente ao Tiro de Guerra, rezavam pai nosso e cantavam o hino nacional.

Estes mesmos que se autointitulam “cidadão de bem”, que saíram da região em ônibus lotados e foram para Brasília no dia 08 de janeiro, causaram depredações com ações criminosas; como prêmio aos seus “ideólogos débeis”, alguns deles ainda se encontram presos no presídio da Papuda e no Presídio da Colmeia. Em Piracicaba “terra da pamonha”, não se pode esquecer que um dos aguerridos “políticos de direita” os colocou no ônibus, disse que seguiria atrás do coletivo com seu carro particular.  Porém, na realidade, se dirigiu feliz com a família para às praias paulistas, onde expôs-se com a prole ao lindo sol do litoral dando banana para seus seguidores otários. Tudo registrado pelas câmeras fotográficas Kodak & Co.

Agora, o mais surpreendente, se não fosse a lição de erros passados, vêm a público nas redes sociais para dizer que os índios ianomâmis famintos e doentes são venezuelanos e que tudo é uma invenção dos comunas. Ora, vejam, será que se fossem esses índios venezuelanos teríamos o direito de deixá-los a morte como está ocorrendo com nossos índios brasileiros?

Pergunta que não quer calar, de onde retira-se tantas insandisses?  Como têm fiéis seguidores com as mesmas aberrações ideológicas e alopradas?

Vamos! Provem!… diz o Edil nas barrancas próxima a um afluente do Tietê aos seus leais: as bananas têm gosto de banana, os morangos têm gosto de morango, as nicofertenas tem o gosto de nicofertenas!

Um dos seguidores questiona o edil: - Mas existem frutas com esse nome de nicofertenas? irritado responde: - “As frutas são minhas e eu dou o nome que desejar, talkei?

Não desejo levar a tristeza neste texto aos leitores, longe disso. Mas à perspectiva é que essa loucura ainda não acabou, temos muita arquibancada vazia para esse circo de horrores, muitas outras coisas ainda acontecerão. Vivemos um momento de inanição política e intelectual que somam parte de uma edilidade democraticamente eleita promete muito mais neste novo ano.

Mas voltando rapidamente a 2022, de Pelé (Edson Arantes do Nascimento) a Frattini, de Asor Rosa a Mihajlovic, de Maroni a Godard, da rainha Elizabeth II da Inglaterra a Gorbachev, de Olivia Newton John a Jô Soares, Elza SOARES, Thich Nhat HANH, Boris PAHOR,  Eduardo DOS SANTOS, Jean-Jacques SEMPE, Jerry Lee LEWIS, Erasmo CARLOS, e Monica Vitti, percebemos como se passou um ano em que o ciclo natural da vida-morte terminou. E infelizmente, recentemente, com a morte da jornalista Glória Maria. Inexoravelmente. Em todos os campos.

Então para concluirmos, vamos mirar os holofotes na ribalta dessa estirpe novata e seguirmos: “La compañía va un paso adelante de su competencia”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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