A capacidade de perseverar na execução daquilo que se haja elegido como o melhor a fazer, apesar de todas as circunstâncias e ocorrências contrárias, é qualidade que requer ser alimentada e cultivada, a fim de se tornar força e luz nos períodos difíceis pelos quais passamos em diversas fases da jornada existencial.
Como todos trazemos condicionamentos negativos, vícios e tendências desarmônicas, após seu necessário reconhecimento e a decisão interior de transformação, a perseverança passa a ser o próximo passo, o qual assegura a continuação de qualquer processo educativo e libertador. Sem ela facilmente voltamos a antigos padrões de comportamento, caindo a níveis dos quais nos propúnhamos sair.
Quando experimentamos sofrimentos, desilusões, fracassos e dores diversas, ao lado de arrependimentos e remorsos, é comum nos propormos a novos e melhores caminhos. Após o entusiasmo inicial, se não alimentamos a fé nem consolidamos a perseverança, tendemos a retornar ao ponto do qual procurávamos nos distanciar. Por isso a necessidade de perseverar, paciente e constantemente, reforçando as decisões que supomos serem as mais corretas e apelando à inspiração superior a nos suprir naquilo que nos seja necessário ao prosseguimento.
Parece-nos relevante reconhecermos a importância da paciência tanto quanto da prontidão no processo de autotransformação, pois há conquistas interiores que requerem longos períodos para serem logradas, ao passo que outras necessitam apenas de uma decisão imediata. Saber distingui-las requer discernimento e lucidez, a fim de que não se fique ansioso pelos frutos que demorarão a amadurecer nem se perca a oportunidade que se apresenta.
Há mudanças aparentemente insignificantes que, a fim de se incorporarem a novo padrão de conduta, requerem anos de perseverante prática e constante vigilância, até que se tornem espontâneas e naturais manifestações do mundo interior. Por isso é tão fácil ter o impulso imediato de fazer o bem quanto é difícil perseverar por longo tempo na realização das tarefas evolutivas que se façam necessárias. Tarefas que muitas vezes se mostram desagradáveis ao nosso ego, pois contrariam interesses imediatistas, desejos, comodidades e caprichos, requerem virtudes e qualidades ainda latentes ou nascentes em nós, por isso necessitam de esforço e persistência; tarefas cuja correta execução não conta com testemunhas externas, mas apenas a da própria consciência, e que podem gerar despeito, críticas ou desprezo de quem não nos compreende as intenções.
É tão fácil desistirmos dos esforços de autoaprimoramento quanto criticar aqueles que se encontram na jornada de autotransformação. Por outro lado – pela predominância do nosso ego – torna-se difícil perseverar nas tarefas que nos requerem contínuo esforço, tanto quanto apoiar e incentivar os outros, mediante palavras, atitudes e exemplos, a que prossigam nas suas realizações espirituais. Por isso, superar a predominância do ego e manifestar nossa essência requer paciente e persistente trabalho interior.
A fim de alcançarmos tal objetivo, nossa natureza anímica necessita de alimentação correta, à semelhança do corpo que precisa ser adequadamente nutrido. Desse modo, instruções corretas, inspirações elevadas, ensinos evolutivos que fortaleçam a fé, que tragam segurança interior e diretrizes à execução do que nos cabe fazer, são alimentos sutis necessários ao prosseguimento do que precisamos realizar na experiência humana em que estamos imersos.