Culpar os outros: boa tática(?)

Por Luiz Xavier | 01/02/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Reflexão elaborada pela psicóloga Gema Sanchez Cuevas. Acompanhem!

A estratégia de culpar os outros para evitar as responsabilidades e as consequências dos erros nunca é uma boa ideia. No final, isso só leva a relações falsas com os demais, o que cria um obstáculo para o crescimento pessoal.

Geralmente, culpar os outros é algo que as crianças fazem. Isso porque seu desenvolvimento cognitivo e moral as impede de entender a importância de assumir responsabilidade por suas ações. Por isso, elas preferem evitar a punição quando sabem que fizeram algo que não deveriam. Infelizmente, muitos adultos continuam a mostrar esse tipo de comportamento em diferentes situações.

Culpar os outros primeiro se torna um hábito e depois uma estratégia, principalmente nas pessoas com um alto grau de narcisismo ou naquelas sem autonomia. Esse comportamento supõe uma estagnação na evolução dos valores e das emoções. Quem age dessa maneira está sofrendo e, como resultado, faz com que aqueles ao seu redor também sofram.

Comumente, há medo, raiva reprimida e tristeza por trás do padrão de culpar os outros. Enquanto essas pessoas não usarem estratégias mais saudáveis em seus relacionamentos com os outros, esses sentimentos permanecerão e até se tornarão mais intensos.

De um modo geral, existem duas grandes razões pelas quais algumas pessoas escolhem culpar outras como estratégia para lidar com conflitos. O narcisismo e a falta de autonomia. É muito comum uma pessoa desenvolver um narcisismo excessivo como compensação pelo seu sentimento de inferioridade. A pessoa acredita que deve ser amada ou reconhecida, mas não faz o necessário para obter esse amor ou reconhecimento. Apesar disso, fica incomodada por não conseguir. É então que ela decide culpar os outros por tudo o que não consegue.

A segunda razão pela qual essa estratégia é usada é a falta de autonomia. Como acontece com uma criança, há muita dependência da autoridade e medo de punição. Então, elas punem os outros para evitar um momento ruim.

O comportamento de culpar os outros aparentemente gera algum benefício. O primeiro deles é que o ego permanece intacto. Isso acontece porque, ao cometer um erro e reconhecê-lo, você declara implicitamente que é imperfeito e, portanto, nem sempre certo. Para algumas pessoas essa é uma ferida que seu ego não tolera.

A dificuldade de aceitar erros não é resultado de excesso de amor próprio, mas de uma grande insegurança. Algumas pessoas pensam que cometer um erro tira o seu valor ou questiona suas habilidades ou méritos. Se, por outro lado, a pessoa tem segurança sobre quem é, considera seus erros normais, é uma fonte de aprendizado.

Então, há momentos em que a pessoa culpa os outros porque assim evita as consequências de suas ações. É uma maneira infantil de fugir da responsabilidade e da culpa. Quem age assim está se escondendo de si mesmo e perdendo a oportunidade de aprender com os erros e está causando danos a si mesmo e aos outros. A primeira coisa que esse tipo de pessoa consegue é diminuir a autenticidade e a abertura de um relacionamento. Nessas condições, é muito difícil construir laços saudáveis, e o que se promove são relacionamentos tóxicos.

Quem se recusa a assumir suas responsabilidades também renuncia ao seu crescimento pessoal e a aprender com seus erros. Essa estagnação acaba influenciando as emoções e distorcendo a percepção da realidade. Por fim, acaba apenas alimentando uma postura paranoica, prejudicial e relacionamentos tóxicos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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