O Humanista José Martí

Por José Osmir Bertazzoni | 01/02/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Transcorridos 170 anos de sua morte, o humanista José Martì, desperta em nós a certeza de ter deixado um legado e uma contribuição inestimável à doutrina sociológica na defesa das classes oprimidas e, quando falamos de classes oprimidas, não estamos nos referindo apenas aos mais pobres e desafortunados, mas também a outros níveis esculpidos na sociedade, que se deixam levar por interesses mundanos e promíscuos.

José Julián Martì Pérez, nasceu em 28 de janeiro de 1853, na cidade de Havana, morreu lutando na “Boca de Dos Rios” no dia 19 de maio de 1895. Sua vida foi marcada por uma militância coerente e humana.

Devemos a Martì várias intuições fundamentais que formaram segmentos integrados ao marxismo, em especial aos pensadores contemporâneos como Karl Marx e Friedrich Engels, expondo outras realidades distantes do eurocentrismo. O líder revolucionário desenvolveu uma política filosóficas e conceitos como o da dignidade humana.

Concluímos que a dignidade humana destacada por Martì não se limita a dignidade individual – mesmo sendo essa de grande importância – refere-se ao conjunto de liberdades indispensáveis de pensamento e de expressão, pelo exercício da qual foi duramente atingido por prisões, torturas e perseguições durante sua vida. Para José Martì  “a visão de dignidade e a liberdade também devem ser declinadas no plural”, tornando-as coletivas; sua visão corresponde a princípios e conceitos fundamentais do direito contemporâneo e, sobretudo, do direito internacional.

Não podemos contemplar as guerras violentas como forma de solução de conflitos, mas foi com elas que ocorreram notórios avanços no desenvolvimento humano, os quais se traduzem em autodeterminação interna e externa.

Toda soberania e autodeterminação dos povos se concretizaram na defesa dos recursos naturais como patrimônio coletivo, independência do Estado e do governo, valorizando e buscando fortalecer a democracia interna e internacional.

Político nacionalista, intelectual, jornalista, tradutor, professor, editor, poeta, Martì foi um dos grandes líderes históricos que transformaram profundamente a face da comunidade internacional, como as lutas pela independência dos povos e pela descolonização.

O povo cubano, de fato, conquistou sua soberania e a independência de seu estado através de uma luta armada sem trégua, que derrubou o governo de Fulgêncio Batista. Desde a guerra hispano-americana e a emenda Platt (um dispositivo legal estadunidense para intervir em outros países das Américas, sempre que seus interesses econômicos e políticos na região fossem “ameaçados”, os EUA procuraram manter todas as forças para perpetuar Cuba sub seu manto de comando como colônia inseparável.

Posteriormente, o povo cubano, sempre seguindo os ensinamentos de Martì, buscou preservar uma sociedade formada por princípios e pela autodeterminação para atender suas próprias demandas, construindo aparelhos e serviços destinados a realizar os direitos humanos não apenas em palavras, mas em ações.

Outros aspectos, entre muitos, da ação política claramente inspirada por Martì são: a proteção ambiental e os direitos das mulheres. Sua vocação decididamente humanista e universalista se reflete hoje nas brigadas médicas cubanas que estão presentes em muitos países como ocorreu no Brasil e nas surpreendentes conquistas de sua pesquisa e indústria biomédica. Salve José Martì!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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