Superação do medo

Por André Sallum |
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Por André Salum

Fruto da evolução biológica, o medo é ferramenta de proteção e defesa da vida e faz parte de todos os seres que dele se utilizam em situações de ameaça obedecendo ao instinto de sobrevivência. Nesse sentido, o medo é um aliado ao favorecer as naturais medidas protetoras, quando nos acautelamos diante de algum perigo ou quando tomamos providências a fim de reduzirmos os riscos de qualquer ação a ser realizada.
O medo passa a ser problemático quando desproporcional ao estímulo, quando se desloca no tempo e no espaço, ou seja, em relação ao que não se encontra presente, ou quando distorce a percepção da realidade e gera sintomas incapacitantes.
Alguém que haja vivenciado uma situação traumática no passado pode ficar com matrizes psíquicas que, ao serem estimuladas por gatilhos, desencadeiam o medo mesmo diante do que não provoca tal reação em outros indivíduos. De modo semelhante, as fobias são medos específicos que alguém pode sentir de modo intenso o suficiente para comprometer a qualidade de vida, autonomia e independência. Nesses casos o medo passa a ser escravizante e paralisante.
Quadros extremos de medo e ansiedade caracterizam o transtorno de pânico – cada vez mais frequente – em que o indivíduo se vê tomado por sintomas psíquicos e físicos, necessitando de imediata intervenção terapêutica. Em tais situações a pessoa perde a racionalidade e pode agir por impulsos desesperados, o que aos demais, se não forem instruídos no assunto, pode parecer incompreensível ou injustificável.
Um medo tem a intensidade proporcional à importância que se dá ao objeto do temor. Alguém que tenha fobia de um animal, por exemplo, pode sentir extremo desconforto à sua presença física ou mesmo à sua simples imagem. As fobias são um capítulo amplo da psicopatologia que requer diagnóstico e tratamento corretos, a fim de que seu portador reassuma a liberdade e a qualidade de vida. Quem apresenta temores excessivos e fobias precisa recorrer a tratamento especializado, caso contrário o problema pode se agravar e se cronificar. Dentre os recursos disponíveis podemos destacar a psicoterapia e a homeopatia como excelentes ferramentas para a cura ou o alívio dos sintomas decorrentes dos medos patológicos.
Quando reagimos impulsionados pelo medo não tomamos as atitudes mais sensatas nem construtivas, por isso parece-nos importante, diante de situações desafiadoras, agirmos a partir de uma consciência lúcida, um coração sereno e uma fé nos desígnios supremos da vida.
Os medos certamente são amplificados por uma excessiva identificação com os aspectos materiais da vida, ao se valorizar em demasia o que é efêmero, ao se apegar ao que é fugidio e ao se pretender um nível de segurança que não existe no plano material em que vivemos. Mesmo a segurança psicológica tão buscada é uma ilusão, pois as emoções humanas são tão variáveis quanto instáveis.
De acordo com diversos instrutores espirituais os medos podem ser significativamente reduzidos quando se desperta e cultiva a consciência espiritual, se busca a transcendência, se compreende as leis evolutivas passando a segui-las e ao se tomar as necessárias medidas promotoras do equilíbrio mental e emocional, bem como ao se adotar um estilo de vida harmonioso, pautado em valores e princípios elevados. Nessa jornada, ao se focar a consciência em níveis mais elevados e sutis encontra-se um lugar interior de relativa paz e confiança, inacessível aos desequilíbrios mais grosseiros e densos, dentre os quais os medos.

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