Por Rubinho Vitti
Quanto tempo você gasta saindo da sua casa na busca de um restaurante, uma padaria, uma oficina mecânica ou uma loja de roupas?
Quantos estabelecimentos da sua região, que cobrem suas necessidades, você ignora, por preferir ir a locais mais distantes onde há grandes lojas, franquias e marcas famosas?
Ou você é do tipo que valoriza produtores e lojas vizinhos, que chamam o cliente pelo nome e oferecem basicamente tudo o que você precisa, mas de forma mais simples?
Se você é do tipo descrito na última opção, parabéns, você está caminhando junto com o modelo moderno de cidades e bairros que devem definir um futuro próximo.
Sabe a loja do Seu Zé, a venda da dona Maria ou a cantina do seu João, lá da sua infância, que ficavam no meio do quarteirão ou na esquina de casa? Pois eles são mais modernos do que parecem e seus tipos de negócios serão essenciais na construção de ambientes mais sustentáveis.
Antigamente, cidades grandes, cheias de prédios, lojas e grandes avenidas significavam mais prestígio e desenvolvimento. Hoje, toda a grandeza das metrópoles está deixando nossas vidas cada vez mais caóticas e é sinônimo de dificuldade de locomoção, filas e estresse.
Por isso mesmo, um termo tem se destacado nas capitais europeias. O “15-minute city”, ou cidade de 15 minutos, surgiu durante a pandemia da Covid-19 e é uma forma moderna de pensar na criação de núcleos dentro de grandes regiões onde a mobilidade seja melhor definida e o acesso de automóveis controlado.
O conceito é moderno e ecologicamente correto, significando, basicamente, uma região (pode ser um bairro, uma vila ou cidade) onde, em 15 minutos, a pé ou pedalando, é possível encontrar todas as necessidades diárias. Ou seja, supermercado, padaria, restaurante, lojas de roupas, café, livraria, etc.
O 15-minute city é baseado em estudos desde os anos 1960, dos mais renomados arquitetos e urbanistas -- não é nada novo de fato. Porém, o termo se popularizou durante a pandemia, quando as pessoas eram incentivadas a valorizar o comerciante local, comprando em lojas próximas a elas, já que não era possível ir tão longe de casa em momentos de lockdown.
As cidades de 15 minutos ainda são livres de carros e possuem vasta área verde conversando com prédios e casas. Isso auxilia nos acordos de diminuição de emissão de gás carbônico, assinados pelas grandes potências e que precisam ser cumpridos nos próximos anos.
Com o home-office se tornando prática comum nas empresas, o conceito de cidade de 15 minutos beneficia ainda mais os moradores. Por outro lado, os estabelecimentos locais podem empregar famílias que moram por ali mesmo, gerando uma cultura de auto suficiência.
Recentemente, a Irlanda lançou um projeto que é um exemplo perfeito de uma cidade de 15 minutos.
O The City Edge Project vai transformar cinco grandes áreas de Dublin, capital do país, em uma 15-minute city. Isso significa 40 mil novas casas ocupando o espaço de ruas e avenidas, beneficiando cerca de 80 mil pessoas e gerando 75 mil empregos.
Os prédios já serão construídos sem garagens, para a finalização do projeto ser mais curto. O acesso será facilitado com trens urbanos e pontos de ônibus, além de ciclovias.
Esse tipo de ideia pode demorar para entrar na nossa cabeça, acostumada com o atual conceito de cidade, ainda muito barulhenta, cheia de fumaça, lixo e poluição, mas os projetos existem e já estão sendo colocados em prática.
As novas cidades de 15 minutos podem ser o início de uma revolução sustentável, que poderá mudar a rota do planeta nas próximas décadas, já que as mudanças climáticas estão mais presentes do que nunca.
Se essa revolução vai acontecer, de fato, eu não sei. Mas não custa sonhar!
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