Thiago Crespo

Por David Chagas |
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Por David Chagas

Em 2017, participando da Eurocopa, foi escolhido pelos jornalistas da Sport TV como o mais amado dos repórteres esportivos presentes àquele evento. Ao ler comentários de seus colegas, pude entender, com clareza, explicações dadas por Aristóteles sobre amizade e ser amigo, para concluir com o filósofoque amizade é mesmo uma virtude necessária à vida, sobretudo quando guiada pelo reto raciocínio.
No auge da carreira, segue humilde, tranquilo, agregadorconversando com gente de valor inestimável à arte, à cultura, à tecnologia, em reportagens sensacionais. De sua pena, textos primorosos, poemas breves e encantadores. A lista de seguidores só cresce.Justíssimo. Sou um deles. Ao saber do sucesso de seu trabalho me animo ao sentir que o país floresce.
Thiago Crespo, segundo seus companheiros, em conversa comigo, não compete. Descobre, reconhece e orgulha-se dos que, com ele, compõem seu círculo.Agrega.
Funcionário da maior emissora de comunicação do país, nos representa a todos, não só por sua presença no vídeo, mas pela qualidade de seu trabalho. Onde nasceu ou vive, não importa.É brasileiro. Pronto! Cresceu aqui, estudou aqui e daqui, saiu, em busca da ânsia pela vida. Deixou amigos, jovens como ele, em aceno e aplauso permanentes.
Quando o conheci, pude notar sua efetiva ligação com o texto, seu desejo incontido de ser jornalista, sua devoção à cuidada leitura,seu talento e dom imprescindíveis para a profissão. Hoje, junto a isso tudo, admiração pela nobreza de caráter e a elegância deSer.
Seu irmão, ex-aluno de escola onde atuava, igualmente brilhante, deixou com o velho professor rastro da melhor memória. Foi dele que soube da origempara, feliz, saber que dividia a casa com a mãe, o pai, um irmão e a avó e haver, entre mim e sua mãe, ligação de afeto que remontava ao tempo em que, juntos, participamos de escola paulistana que despontava para todo o Brasil com sucesso inigualável e muitas vitórias.
A partir disto fui chamado a estar com em inesquecíveis reuniões sociais. Salete, sua mãe, e eu, recém-formados, trabalhamos no início do Colégio Objetivo, quando a escola despontava,trazendo até nós alunos notáveis no desempenho, no caráter e na conduta.
Eram nebulosos aqueles dias, hoje, poucos sabem quanto. Pouco ou nada se podia fazer em sala de aula a não ser repetir o ramerrão. Entre portas fechadas e grossas paredes, o horror e o medo conviviam. Até hoje é possível sentir resultado disso no trabalho, nas religiões, nas escolas, sobretudo.Se hoje, é bom o fruto, quando nos obrigaram a anos, sem sol, é porque houve quem, resistindo, insistisse em favor da juventude. Honro-me de ter sido um deles, apesar dos percalços que este comportamento impôs. A resposta, do tempo, como ensina Vieira, tem sido, sem dúvida, o que de melhor trago comigo.
Tinha consciência de que a condução política do país era inadequada e obstaculizava, a mais não poder, os caminhos que o livre pensamento poderia revelar. O objetivo, naquele momento, era informar sem vestir a informação com roupagem filosófica. Decorar fórmulas, a palavra de ordem. Nenhuma relevância ao pensar. Por consequência, nenhuma compreensão do mundo. Conhecer é buscar a verdade. A busca do sentido é específica do pensamento, revela saber e, mais que isso,saber fazer.
De uma conversa assim, num dos primeiros encontros entre mim e Thiago Crespo,certifiquei-me estar com humanista de primeira linha. Não deu outra. Enriquecido pela formação e leitura atingiu a competência que demonstra agora. O que fala, o que faz, o que escreve tem relação de sentido e revela seu compromisso em pertencer a um mundo que espera e deseja, humano.
O irmão, voltado para as ciências exatas, não fugiu de comportamento idêntico ao de Thiago. A família, no caso, foi, sem dúvida, responsável em grande parte por este resultado extraordinário que todo pai, toda mãe deveria buscar em benefício de suas crias: pensar, descobrir, questionar.
Lembro-me de iguais conversas, décadas antes, ao aproximar-me de Salete José Crespo, sua mãe, em sala de professores,em São Paulo. Ao reencontrá-la, passados anos, com dois filhos e marido, veio para acentuar, em mim, a boa lembrança e o respeito nascidos em nossa juventude.
Muitos, ao lerem meu artigo, colocar-me-ão rótulos que não me cabem. Dirão que sou de esquerda, comunista, sobrinho dileto de Paulo Freire. Nada disso. Bom ledor, apenas, capaz de entender e atender ao que me parece bom e feliz pelo parentesco imposto pelo genial Educador em visita que fez à Unimep, quando, jovem, muito jovem, iniciava minha carreira docente.
Freyre não hesitava em estimular junto ao educando, em especial, jovem, prática que o levasse a indagar insistentemente o objeto inerte, provando, verdadeiras as teorias devotadas ao conhecimento. Apropriava-se de forma inspiradora da arte, aa música, do teatro e da ciência, claro, para tanto.
Thiago Crespo, dia destes, me levou a passar horas pensando em reportagem feita com estudantes, numa escola de São Paulo. Passados dias, num jornal matutino, ao lado de grandes nomes do teatro, da música, da televisão obrigou-me a manifestar-me nas redes sociais.
Semana passada, no Jornal Nacional, um festival de ciência, tecnologia e arte, espaço onde inventar e distorcer é um exercício a serviço do bem, provou, definitivamente, estará diante de cronista e repórter como poucos. O diretor de Redação sabe a quem distribui pauta e não hesita em fazer ricos seus jornais com textos bem pensados e de altíssima qualidade literária. Thiago Crespo.

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