Sonhos

Por Rubinho Vitti | 14/07/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Por Rubinho Vitti

Certas manhãs, desperto de sonhos intranquilos que nem Kafka pode imaginar. Mas ao invés de metamorfoseado num inseto monstruoso, vejo-me abismado entre o absurdo e o nonsense. Essa coisinha de todo dia chamada sonho.
Como pode ser possível nosso cérebro criar histórias tão loucas enquanto durmimos?
Estávamos em uma chácara, minha irmã e eu, com nosso motorista (risos) prestes a ir embora para outro lugar, mas as portas do carro não se fechavam. Então, eu e ela fomos dormir na casa que lá estava e, de repente, quando me vi, estava deitado no quarto onde eu dormia quando era criança.
Quando percebi, uma mão de boneca segurava a minha mão por debaixo das cobertas. Acordei!
Estava em uma festa e minha mãe pediu para eu levar o papa Francisco em uma igreja mega longe da minha cidade. Falei que tudo bem, mas no fundo não queria. Peguei o velho Monza do meu pai e fui dirigindo com o papa.
No caminho, ele me pergunta porque eu não vou mais à missa. Disse que não tenho nada contra, nem acredito nem desacredito. Chego à igreja e vou tentar estacionar, bato o carro em uma viatura da polícia, que despenca morro abaixo.
Uma multidão vê o papa, mas a polícia não deixa mais eu seguir com o Monza, de modo que muita gente vem na direção do pontífice. O que fazer agora? Não sei, porque acordei.
Estava numa mesa de bar em uma turma e começou pegar fogo bem atrás da gente. Ficamos assustados, mas ninguém sabia o que fazer. Várias pessoas estavam tentando apagar o fogo e nada! Até os bombeiros! E a gente ali esperando naquela tensão.
Quando vimos, uma senhora bem velhinha foi lá e apagou o fogo sozinha com uns panos molhados. Só então que percebi que era a Fernanda Montenegro. Claro que fui dar um abraço nela para agradecer e a carreguei no colo. Quando notei, a gente estava dentro de um filme. Os créditos começaram a subir bem na hora que eu acordei.
Esses são alguns dos sonhos que costumo ter e anoto para ver se faz algum sentido. Na minha última anotação, eu sonhei que tinha inventado uma frigideira para fritar balão! Tipo bexiga de aniversário, sabe, essas de plástico com um pó branco dentro que se você respira fica três dias com gosto ruim na boca.
O fato é: quem frita bexiga de aniversário? E por que eu havia sonhado com um assunto tão absurdo e fora de contexto?
Você já parou para pensar que um sonho é uma história contada pelo nosso próprio cérebro para nós mesmos, sem que a gente faça ideia que história é essa? Como pode essa caixinha de massa cinzenta ter ideias tão mirabolantes e nonsense?
Segundo a ciência, nosso sono passa por várias fases que vão do 1 ao 3, chegando ao REM (rapid eye movement), quando nossos olhos se movem rapidamente e nossos músculos relaxam totalmente, também conhecido como o momento do sono profundo. E é aí que a gente sonha.
Só que isso é cíclico, ou seja, vamos do estágio 1 ao REM e voltamos do REM ao estágio 1 várias vezes durante a noite. Isso faz com que sonhamos uma média de seis vezes em oito horas de sono.
Outros dizem que os sonhos duram alguns poucos segundos, apenas entre o sono profundo e a volta ao estágio 1.
Valha-me-deus-nossa-senhora! Ainda bem que a gente não se lembra de todos eles, o que é normal. Dizem que nós só lembramos do sonho que tivemos antes de despertar.
Outra explicação da ciência é que o sonho dá uma organizada no cérebro, na construção de memórias e no desenvolvimento do sistema nervoso. Dá para acreditar que a Fernanda Montenegro apagando incêndio no meu sonho deixou meu cérebro mais organizado?
No frigir dos ovos (e não das bexigas), os sonhos são saudáveis, mas eles bem que poderiam ter uma historinha menos bizarra.

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