Espiral de silêncio para as virtudes

Por Érica Gorga | 05/07/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Por Érica Gorga

A sociedade brasileira assiste calada à instalação da decadência moral e da degradação dos valores hoje em dia, como se tivesse sido imposta verdadeira espiral de silêncio destinada a calar aqueles que ousarem falar sobre o desenvolvimento de virtudes nas crianças e nos jovens.
É premente realizar exercício mental e avaliar mensagens subliminares que têm sido passadas para os menores. Filmes incentivam deliberadamente crianças a se tornarem “o pior aluno”. Músicas ensinam a meninas e meninos linguajar sexual explícito. Menores de tenra idade aprendem danças e coreografias que incitam posições corporais que remetem a atos sexuais. Não raro vemos manifestações caracterizadas de “artísticas” que instigam o uso de bebidas e de drogas. Jovens são estimulados o tempo todo a buscar o prazer fugaz, muitas vezes perverso e viciante e não o trabalho honesto e árduo no qual se engajavam nossos avós com altivez.
A realidade é que aquilo que se defende como liberdade de expressão de manifestações “artísticas” tem muitas vezes se voltado à defesa da lascívia, da libidinagem, da indecência e da devassidão para os jovens. E aqueles que questionem a propagação desses anti-valores passam a ser sumariamente tachados de babacas, puritanos, preconceituosos e por aí vai. Aparentemente, para alguns, o “legal”, o “bacana”, o “bonito” passou a ser incentivar o mau aluno, o prazer fugaz, a sexualização precoce extrema, a preguiça, a falta de comprometimento, de seriedade, de dedicação e de persistência. Muitos se sentem, então, tolhidos, acuados e envergonhados para defender os valores e as virtudes mais fundamentais. A inversão de valores é total.

Todavia, mesmo que alguns não se lembrem ou até ignorem, a base fundamental daquilo que se consagrou como a verdadeira educação da civilização ocidental, dos grandes pensadores e filósofos, cujos ensinamentos sobreviveram por milênios, é assentada exatamente na antítese do que assistimos nos nossos dias.
Assim, Platão, Aristóteles e todos os grandes filósofos que se seguiram inspirando-se na tradição greco-romana sempre buscaram ensinar e difundir as virtudes humanas, especialmente entre as crianças e os jovens. Aristóteles, por exemplo, deixou amplo legado de obra escrita que dissertou sobre a Ética, a Moral e os valores mais fundamentais ao desenvolvimento do “bem” para os humanos. Segundo ele, o ser humano deveria buscar incessantemente a busca do bem, traduzido na prática das virtudes ensinadas aos cidadãos gregos por meio das artes e da ciência.
Esses filósofos não tinham vergonha de preconizar a pureza, a dignidade, a honradez, a virtude, a decência, a integridade e a retidão do caráter.

Há relação intrínseca entre virtudes, valores, princípios e justiça. O conceito do justo passa pela moral, pela ética e pelos valores estabelecidos como desejáveis em uma sociedade.
A deterioração da justiça brasileira nada mais é do que o reflexo inequívoco da degradação dos valores que deveriam guiar a Justiça em nossa sociedade. Da mesma forma, a crise institucional que se agrava é o reflexo da perda de importância dos valores e das virtudes que deveriam ser incentivados na legislação do país, nas mais diversas áreas.

A imposição de padrões de extrema sexualização da infância e da adolescência é forma deliberada de dominar as mentes jovens e inebriar a sociedade. Por trás da consagração da obtusidade, há um projeto de poder político e exploração econômica. Tal é o perigo que paira sobre a sociedade brasileira.

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