A importância do autoconhecimento

Por André Sallum | 10/06/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Além do conhecimento exterior e objetivo, tão valorizado e necessário ao desenvolvimento da civilização, existe o de natureza interior e subjetivo, o qual, até certo ponto, permanece ignorado. Mas todos chegam ao momento em que reconhecem o autoconhecimento como imprescindível ao prosseguimento da jornada evolutiva.
As transformações necessárias ao aprimoramento individual e coletivo não prescindem do autoconhecimento, o qual se dá em múltiplas dimensões, desde as mais superficiais, da personalidade, até que sejam atingidas as mais profundas. O autoconhecimento é permanente e ocorre sob diversos aspectos, os quais coexistem e se complementam, pois a vida é um todo integrado.
A fim de nos conhecermos melhor importa não olharmos somente para fora, para o mundo das aparências e dos fenômenos objetivos, mas igualmente mergulharmos em nós mesmos, através da introspecção e da atenção silenciosa, quando conseguimos acessar nossas dimensões mais profundas. Ao nos aquietarmos podemos gradualmente reconhecer nossa essência e comungar conscientemente com a fonte da vida, comunhão essa que nos permite expressar nossos potenciais e qualidades anímicas.
O processo de autoconhecimento pode se dar pela assimilação de instruções de pessoas, livros e obras inspiradoras, mas sobretudo através das relações interpessoais, pois aqueles com os quais nos relacionamos nos mostram como somos. Nossas ações e reações em relação aos demais falam de nós mesmos e revelam nossos julgamentos, valores, conceitos, preconceitos e limitações, visão do mundo e da vida.
Parece-nos importante que não valorizemos em demasia nossos aspectos superficiais, embora sejam a interface com a qual interagimos com os outros e com o mundo; que não nos detenhamos excessivamente em aspectos físicos, emocionais e mentas, a fim de conseguirmos acessar nossa natureza mais profunda, a qual transcende todas as aparências e fenômenos exteriores da vida; que possamos, assim, reconhecer nossa essência, o que nos permite reconhecê-la igualmente nos demais, contemplando-os como portadores dos atributos inerentes a todos os seres, mesmo quando não plenamente expressos nem conscientizados.
Os mestres e instrutores espirituais, os quais deixaram um legado de serviço e amor à humanidade, revelaram profundo autoconhecimento, reconhecendo a si mesmos, tanto quanto aos demais, como filhos de Deus e portadores de qualidades divinas, ainda que latentes ou obscurecidas, o que fez com que promovessem as melhores condições para que tais qualidades florescessem e se expressassem em seus seguidores. Talvez essa seja uma das dimensões mais belas da educação, geralmente ignorada ou negligenciada em detrimento da mera instrução formal e dos aspectos materiais da vida, o que empobrece tremendamente o processo educativo, que pode ser concebido como facilitação do desabrochar das qualidades anímicas do educando, ao mesmo tempo que a remoção do que possa obstruir ou prejudicar seu pleno desenvolvimento.
O autoconhecimento requer-nos algumas atitudes como coragem e sinceridade, intenção de melhorar, aspiração à transcendência e humildade de aceitarmos nossas limitações e fragilidades. Nesse processo desafiador, convém lembrar que somente alcançaremos coletivamente a almejada condição de mundo melhor – saudável, harmonioso, pacífico e feliz – quando cada um de nós possuir as qualidades correspondentes a tal estado, o que depende de uma correta educação, da qual o autoconhecimento é parte essencial.

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