Perdoar não é esquecer!

Por Francisco Ometto | 04/06/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Perdoar não é nem nunca foi um processo fácil, porém, por trás desse ato há uma imensidão de benefícios, incluindo saúde emocional e física, enfim, qualidade de vida.  
Pedir perdão ou até mesmo aceitar um pedido de perdão, pode ser algo bem complicado e até impossível para muita gente.    
Só para entender melhor a importância do tema de hoje, é fundamental saber que a falta do perdão é um dos principais causadores de sentimentos nocivos como o ressentimento, a mágoa, a raiva, a angústia, além de tantos problemas. O agravante é que, como sabemos, emoções “conversam” com o corpo e, a partir daí, nossa mente entra em conflito, produzindo o que chamamos de doenças psicossomáticas. Este assunto é tão sério que a OMS divulgou pesquisa recente informando que 90% das doenças são produzidas pela mente. Portanto, olhar com mais atenção para isso é primordial para uma real mudança de vida.   
Mas, por que temos dificuldade em perdoar? Muito de nossa construção psíquica responde a esta pergunta. A forma como fomos educados, nossas experiências psíquicas, traumas, influências, enfim, todo um conjunto do nosso passado pode ter nos tornado “cópias” e nos tirado de nossa originalidade, de nossa essência. Para reverter isso, é necessário um trabalho de autoconhecimento, construindo o que precisa ser construído e desconstruindo o que não é mais coerente ou necessário. Na verdade, um rompimento, uma nova percepção sobre si mesmo e sobre a vida, que abre a mente e o caminho, trazendo para a pessoa o que é realmente dela, o que é realmente ela. Uma sintonia libertadora.    
Outro fator causador é a falta de conhecimento sobre o que é o perdão… A base do perdão é a empatia e a base da empatia é o respeito, ou seja, o entendimento de que ninguém é igual a ninguém e todos têm direitos e deveres. O outro não tem a obrigação de ser como eu quero que ele seja, mesmo porque cada um tem sua história, sua educação, sua construção psíquica e estamos nesse Planeta em diferentes níveis emocionais. Isso precisa ser considerado. Se alguém me faz ou fez mal, o problema não está em mim e sim nele e por algum motivo esta pessoa não está bem ou ainda não está tão desenvolvida e, então, erra, como todo ser humano. De minha parte, portanto, devo tirar esse “peso” que está em mim e compreender essa verdade. Isso não significa que devo me prejudicar em função de alguém não estar tão desenvolvido ou estar passando por problemas, e para isso, existem meios legais e corretos para a busca da solução, mas, independente de qualquer coisa, vale a premissa: o que me tira a paz não me serve, então, em nome da compreensão de todo esse contexto, me liberto desse peso (que, aliás, não é meu) e sigo minha vida. O que o outro faz ou é, não me pertence. Por isso dizemos que, quando perdoamos de verdade, nos libertamos.   
Infelizmente, vemos muitas vidas “presas” a histórias não resolvidas, mágoas, más lembranças, arrependimentos, falta de aceitação; dores atuais de situações passadas. Não podemos mudar as pessoas, mas podemos mudar nossa percepção sobre elas e sobre a vida. Podemos nos mudar! Ter a pretensão de controlar o que não está no nosso controle, apenas nos adoece, tira nossa energia e nosso tempo, nada mais.    
A verdade é que o perdão não significa nem está vinculado a esquecer, mas sim, a deixar de sofrer quando lembrar. Perdoar de verdade é ter o nível de inteligência emocional necessário para não mais permitir que aquilo nos faça sofrer ou condicione nossos sentimentos e atitudes.

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