Pequenos desafios

Por André Sallum | 27/05/2022 | Tempo de leitura: 2 min

A existência humana, ao lado de grandes eventos que ocorrem raramente, é repleta de situações menos destacadas, as quais muitas vezes nos passam despercebidas. São ocorrências do cotidiano que apesar da aparente insignificância, desde que observadas e compreendidas atentamente, podem nos fornecer importantes meios de autoconhecimento e progresso.
Contrariedades menores que nos frustram no convívio diário podem ser sinais do que precisamos mudar em nossa conduta ou quanto às expectativas que criamos em relação a pessoas e fatos. Afazeres rotineiros, se corretamente compreendidos e realizados, podem se converter em ferramentas a nos aprimorar a disciplina, a boa vontade, a atenção e a precisão na execução de qualquer trabalho. Simples tarefas, domésticas ou no ambiente profissional, se bem realizadas podem nos ajudar a desenvolver a paciência, a perseverança e a atenção cuidadosa, tanto quanto nosso senso de cooperação. Circunstâncias corriqueiras que se repetem em nossos relacionamentos, ao ser observadas atentamente, podem mostrar facetas nossas até então ignoradas, oferecendo-nos oportunidade de mudança para melhor. Críticas que recebemos de quem convive conosco, se consideradas de modo tão desapegado quanto possível, podem revelar aspectos de nós mesmos a serem aprimorados, assim como nos aperfeiçoar habilidades de relacionamento. Dificuldades emocionais, limitações físicas, restrições econômicas e problemas interpessoais que nos acompanham na jornada diária sempre podem, de algum modo, ser reconsiderados e ressignificados, a fim de que possamos aprender com eles, buscando ser mais atentos, pacientes e perseverantes no processo autoeducativo que é a nossa existência.
Algo pequenino pode conter em si o potencial de provocar grandes mudanças e de gerar consequências de grande vulto. Pequena dívida, caso negligenciada e não saldada a tempo, pode ser causa de grande prejuízo financeiro; diminutos hábitos nocivos, quando negligenciados, podem se tornar vícios arraigados e escravizantes, difíceis de serem erradicados. Do mesmo modo, pequenos instantes de paz interior, se reconhecidos e cultivados, ocupam espaço cada vez maior na consciência; deveres corriqueiros, quando corretamente cumpridos, habilitam ao recebimento de encargos maiores; tendências construtivas, se corretamente canalizadas, pode se converter em habilidades proveitosas.
É importante estarmos atentos ao que nos acompanha no cotidiano, sejam ideias, sentimentos, ações e palavras, pois são o material com que, imperceptivelmente, construímos nosso destino.
Sabe-se que não são apenas os fatos propriamente ditos que determinam a qualidade do nosso viver, mas em grande parte nossas atitudes, julgamentos e reações em relação a eles, o que nos torna mais responsáveis pelo que nos sucede. Temos relativa liberdade, se não de afastar ou evitar o que nos desagrada, ao menos de mudar nossa atitude interna, passando a ter uma postura mais ativa, otimista e construtiva, aproveitando o que nos constitui desafio ou parece nos prejudicar como ferramenta útil ao nosso aprimoramento e fortalecimento interior. As situações aparentemente insignificantes do cotidiano dizem muito sobre nós, revelam nosso modo de ser, pensar, sentir e agir, mostrando-nos o que podemos mudar para melhor, sem precisarmos esperar por eventos grandiosos ou dramáticos para tomarmos as atitudes que se mostrem necessárias à nossa transformação.

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