Mas não pense que rola samba, curtição, azaração e rebolado. Isso eles e seus eleitores odeiam! O Carnaval da alegria, das ruas lotadas de gente feliz e livre, fica para o julgamento nos palanques e nos altares pentecostais. Afinal, o que é "golden shower"?

Mas a festa tem rolado solta justamente atrás de gabinetes e coxias de igrejas. Justamente o Ministério da Educação, o queridinho da ala ideológica do governo atual, está no foco de um grande esquema de corrupção, que envolve pastores evangélicos e o ex-ministro Milton Ribeiro (que aliás, também é pastor).

Veja só que pitoresco: o esquema de propina para liberação de verbas para prefeituras regidas por pastores evangélicos envolvia valores de até R$ 40 mil, além de um quilo de ouro e, pasmem, "bíblias com a foto do ministro na capa" também eram uma exigência.

Deus que me perdoe, mas quem tem interesse em ler a palavra do Senhor com a fuça de Milton Ribeiro estampada na capa? Se não conhece o rostinho do sujeito, dê um Google e descubra.

O caso ficou conhecido como Bolsolão do MEC. Aliás, os nomes desses esquemas parecem ser infantilizados de propósito, para terem um ar de não serem tão graves assim. Mensalão, Anões do Orçamento, Vampiros da Saúde…No caso desse, o nome poderia ser Operação Cara-de-Bíblia ou Corruptos de Cristo.

Um detalhe importante é que o próprio ministro da Educação (que foi exonerado, claro) disse à Polícia Federal que recebeu os tais pastores a pedido do presidente da República. Ah vá!

Ribeiro é o quarto ministro de um ministério que, apesar do nome, parece ser bem sem educação. Vide Abraham Weintraub, ex-ministro que, a cada dez palavras, nove eram palavrões e a décima a gente não entendia direito pela falta de dicção.

O MEC ainda esteve em foco nesses dias por outro escândalo: a destinação de R$ 26 milhões em kits de robótica para escolas públicas que não possuem nem mesmo computadores ou facilidades básicas como água potável.

A compra, feita pelo governo federal após liberação de verba do Congresso, teve negociação bem acima dos valores reais. Cada kit custou R$ 14 mil. Em algumas escolas, isso significou cerca de R$ 700 por aluno matriculado.

Esses e tantos mais escândalos estão escancaradamente à vista da população. São áudios vazados que comprovam o crime de Ribeiro e a simples análise do projeto de robótica que mostra que não há controle sobre o que se gasta dentro do governo federal, já que a prioridade de uma escola sem água potável, definitivamente, não é o desenvolvimento dos alunos em robótica.

O governo do atual candidato à reeleição, que vomita em seus cercadinhos palavras de ordem agressivas contra tudo e todos, não consegue nem mesmo terminar a administração em curso sem esconder suas fragilidades e incompetências. Além disso, está claro que a corrupção nunca acabou, mas corre solta em um verdadeiro Carnaval sem fim -- em uma péssima analogia com a palavra.

O que me choca é saber que uma legião de foliões completamente cegos e embriagados pelo ódio segue dançando atrás desse trio elétrico bizarro, comandado por um pateta, que está levando o Brasil para um verdadeiro precipício.

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