Você segue a maioria?

Por Francisco Ometto | 23/04/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Temos uma tendência natural em repetir comportamentos e, na neurociência, isso se explica pela ligação com nossos neurônios-espelho. Um dos exemplos é quando alguém perto de nós boceja… o que fazemos inconscientemente? Bocejamos também! Entretanto, repetir comportamentos ou ideias pode não ser tão bacana assim. Vamos começar com uma importante analogia. Os caranguejos são criaturas boas, entretanto, eles têm uma atitude no mínimo estranha: coloque alguns deles num balde e nem se preocupe em colocar uma tampa, pois nenhum deles vai sair de lá, isto porque, se um começar a subir, outros vão se encarregar de puxá-lo para baixo novamente. Quantas lições a aprender! Você já “puxou” alguém para baixo em palavras ou atitudes? Ou então já foi “derrubado” por alguém? E o pior está por vir: isso foi consciente ou inconsciente?

Independente de qualquer coisa, somos sujeitos às pressões do ambiente que vivemos e por isso precisamos estar atentos e avançar em nosso autoconhecimento, pois só assim podemos pensar diferente e comandar nossa vida de forma assertiva, construindo pontes e não muros em nosso dia a dia, além de nos proporcionar qualidade de vida emocional e física.

Vivemos em um mundo saturado de informação e cobrança e esse acúmulo prejudica a absorção qualitativa destas informações, congestionando nossa mente e nos “convidando” a sermos manipulados. Uma criança tem mais informação hoje do que um imperador romano tinha no passado, entretanto, a cada dia sabemos menos de nós mesmos. Enchemos nossas mentes com o que não precisamos e nos abandonamos cada vez mais. Autoconhecimento é apenas coisa de filósofo, gestão emocional é bobagem, depressão é coisa de gente rica, problema emocional é frescura, terapia é para loucos… E as doenças, o descontrole, o vazio e a angústia avançam na mesma proporção do preconceito e da ignorância. Estatísticas cruéis de doenças emocionais estampam os noticiários. Entendemos de tudo e a ciência nunca esteve tão evoluída, mas cuidamos muito mal do que deveria ser a coisa mais preciosa da existência humana: nossa saúde mental e emocional, a base de tudo.

Por outro lado, é também perigoso ter por perto caranguejos que nos influenciam negativamente, nos empurrando para baixo e, portanto, é fundamental ajustar nossos relacionamentos para evitar isso. Relevante também ter em mente que o “contágio” acontece nos dois caminhos, pois nossa realidade será moldada na mesma sintonia destas “influências” que estivermos recebendo e é aqui, querido leitor, que nossa reflexão de hoje chega a sua conclusão.

Muitas vezes somos “levados” a gostar disso ou daquilo, a aceitar isso ou aquilo, a concordar com isso ou aquilo por pura influência, e, normalmente, da maioria. Admiro pessoas que “rompem” com esse protótipo. Jung já dizia: “Nascemos originais e morremos cópias”.

Comece a observar o mundo e a si mesmo de maneira bem crítica e de forma imparcial. Muitas vezes a maioria não é o modelo a ser seguido! Quantas decepções com pessoas “influentes” nos mais diversos cargos, assuntos e esferas, que tiveram sua validação pela maioria…

É mais que hora de descobrir o que te atrapalha, te manipula, te congestiona. É mais que hora de mudança, de dentro para fora. Nós precisamos disso, o Brasil precisa disso. O respeito a você mesmo será o começo do respeito que vai transformar a sociedade.

Sempre que você se encontrar do lado da maioria, é tempo de parar e refletir. (Mark Twain).

Quanto de você é cópia? Quanto é original?

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