A vida humana caracteriza-se pela coexistência em si mesma de forças e fraquezas; apresenta, ao mesmo tempo, potencialidades a serem desenvolvidas e expressas ao lado de limitações que precisam ser vencidas. À medida que se amadurece, passando inevitavelmente por contrariedades, frustrações e sofrimentos, percebe-se, quando se tem suficiente sensibilidade e capacidade de aprendizado, que aquilo que se é capaz de mudar depende fundamentalmente de si mesmo e provém do mundo interior, o qual se irradia aos domínios externos da vida.
Ao expressarmos aspectos cíclicos da vida, alternamos momentos de força com os de fraqueza. Há fases em que nossa mente é povoada de ideias e ideais, o coração se inflama de entusiasmo, propondo-nos a protagonizar mudanças políticas, econômicas, religiosas ou sociais, engajando-nos em projetos que nos pareçam os mais adequados à concretização dos anseios. Também passamos por fases em que nos defrontamos com a falibilidade e a imperfeição humanas, ao lado das nossas próprias debilidades e limitações.
Diante de tantos desafios, parece-nos importante não desanimarmos da prática do bem e dos ideais mais elevados que somos capazes de conceber. Se tivermos suficiente clareza das tarefas que nos cabem realizar, se permanecermos fiéis aos ditames da própria consciência e se cultivarmos e alimentarmos a fé, as supostas ou aparentes fraquezas, nossas ou alheias, não conseguirão impedir o prosseguimento na realização do melhor ao nosso alcance. À medida que compreendemos mais profundamente a natureza humana (ou seja, nossa própria natureza) reduzimos expectativas fantasiosas e as frustrações delas decorrentes, ao desenvolvermos uma visão mais lúcida da realidade, o que nos torna mais perseverantes, resilientes e compassivos.
Parece-nos importante reconhecermos nossas fragilidades sem nos fixarmos nelas, pois são circunstanciais. Importa, acima de tudo, reconhecer, valorizar e alimentar as capacidades, sejam latentes ou já manifestas, nossas e alheias. Ao mudarmos a forma de perceber e compreender as condições nas quais nos vemos imersos, muda a perspectiva sob a qual avaliamos a vida. As próprias limitações e os fracassos podem ser vistos como momentos de aprendizado, revisão de valores, oportunidades de desenvolvimento de virtudes e purificações necessárias a futuras conquistas. Uma visão mais abrangente nos permite aceitar serenamente eventuais fragilidades e limites, ressignificando-os e dando-lhes conotação positiva, pedagógica e evolutiva.
Ao defrontarmos a realidade humana, reconhecemos prontamente nossa fragilidade, finitude e imperfeição, ao mesmo tempo nossas potencialidades, possibilidades e horizontes. A vida daqueles que, pioneiros da evolução, anteciparam realizações superiores, constitui estímulo e impulso a maiores e mais amplas conquistas a todos nós. Esses seres extraordinários, nas mais diversas áreas de atuação, demonstraram, pela própria vida, o alcance das possibilidades humanas. Ainda que estejamos distantes de tal conquista, sabemos que pela lei universal da evolução, estamos todos destinados, mais cedo ou mais tarde, à plena realização existencial. Essa certeza nos faz confiar mais na força da vida que se expressa no ser humano, desde que se entregue com pureza, sinceridade e fé aos mais elevados fins da existência.
Se a fraqueza e a finitude nos caracterizam a vida material, o Infinito é nossa essência, à espera de ser revelado, na incessante jornada da vida, a qual a cada instante se renova.
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