Mais respeito, por favor

Por Rosângela Camolese | 07/04/2022 | Tempo de leitura: 2 min

A sociedade tem sofrido de uma doença ainda mais grave e contagiosa do que a Covid-19: a discriminação e o preconceito, especialmente contra as mulheres. São males que corroem os nossos valores e faz sangrar uma ferida social que remonta à Idade Média e à verdadeira história das grandes navegações, as quais redundaram na conquista e na usurpação de novas terras, entre as quais, o Brasil.
Quando os portugueses aqui chegaram, em 1.500, não se interessaram apenas pelas riquezas naturais, mas, sobretudo, pela possibilidade de se aproveitarem de um povo suscetível e desarmado, apropriando-se das mulheres enquanto objetos de desejo.
Cem anos mais tarde, com a chegada dos primeiros navios negreiros, as atenções dos colonizadores voltaram-se a um novo perfil feminino, igualmente vulnerável: as meninas e mulheres negras, convertidas em escravas, para cumprir tarefas domésticas e saciar desejos.
Nos séculos seguintes, a condição feminina na sociedade brasileira, em geral, limitou-se, em grande medida, ao confinamento doméstico, para o cumprimento das obrigações familiares e conjugais. Foi apenas a partir do final do século XIX, que as mulheres conquistam alguns direitos sociais e políticos, mas com privilégio de poucas.
É necessário revisitar a história para se compreender o tamanho da desigualdade de gênero que ainda existe neste país. Mais que isso, é essencial estarmos atentos e atentas ao crescimento dos casos de feminicídios, cada vez mais graves e frequentes. Homens que matam porque julgam ter perdido a posse de um bem, como se a mulher fosse um bem, uma propriedade.
Estamos fartas de tanta grosseria, de tanta violência, de tanto desrespeito e deboche que vem de onde deveria vir o exemplo. De pessoas que ironizam a condição feminina, como se fôssemos menos; que mentem e induzem outros a replicar tais mentiras, criando um círculo vicioso de maldade, apenas pelo prazer de enganar, de confundir para gerar o caos, o medo e a insegurança.
Este ano teremos mais uma vez a chance de não errar, de utilizar esta valiosa oportunidade para escolher quem nos representará no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa e no Palácio do Planalto, pelos próximos quatro anos. Será um momento decisivo para a história do Brasil, porque o resultado determinará um novo destino para todos nós.
Para mudar a difícil realidade brasileira, é preciso mudar a forma como votamos. É imprescindível escolher pessoas pelo seu caráter, pela competência e pela sua história de vida. E isso, independe do gênero, da condição social e da sua orientação religiosa.
No entanto, para o senso comum, o lugar de mulher não deveria ser apenas em casa, mas também no comando de empresas, nas prefeituras, câmaras municipais, assembleias legislativas, no Congresso Nacional, na presidência da República e em qualquer lugar que desejar e merecer estar.
Há muito que se conquistar, mas, do mesmo modo, há que se aplaudir todos os governantes que colocam políticas públicas eficazes a serviço das mulheres desse nosso país.

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