O que há por trás de um crime passional?

Por Francisco Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Ao abrir páginas de jornais, internet ou ligar a televisão, infelizmente é comum nos depararmos com notícias de homens ciumentos matando mulheres pelo simples fato de terem sido traídos, ou simplesmente porque a mulher terminou a relação. Nada natural nestes fatos, afinal, quem ama mata? Seria, então, paixão? Qual a diferença? Só cadeia é solução? O fato é que nada justifica qualquer tipo de violência e a pergunta que deve vir antes de qualquer outra é: “O que está por trás de tudo isso?”  
Quero contribuir abordando da forma mais clara possível essas dúvidas e preconceitos - que precisam estar claros para todos – pois só assim conseguiremos iniciar, com eficácia, um movimento que reduza e em seguida acabe com esse cenário tão triste para todos os envolvidos (culpados ou não).  
Leis, punições e enquadramentos são apenas consequências de problemas emocionais e educacionais que precisam ser melhor percebidos e tratados por políticos, educadores, legisladores, Igrejas, instituições, mídias e população.  
Vamos então dar “uma volta” em alguns conceitos e realidades para que, no final, eu consiga trazer elementos que facilitem a resposta da pergunta título deste artigo. Para começar, vamos resolver a confusão que existe entre os conceitos de amor e paixão.  
O amor é simples, sereno, apesar de ser envolvente e forte. Entretanto, nele não há necessidade de dominação sob o outro. Na verdade, funciona como uma troca contínua de todas as melhores qualidades que cada um tem.  
Já o apaixonado (maioria nas relações hoje), sofre de um descontrole emocional (de várias causas), que o domina e o leva a reagir de maneira totalmente imprevista. Note que, mesmo uma pessoa aparentemente equilibrada, quando apaixonada, não se conhece mais.   
Contudo, não podemos preconceituar a paixão. Ela tem também o lado positivo, afinal, quantas das mais belas músicas, poemas, livros e tantas outras formas de aprendizado e de expressão artística foram inspiradas pela paixão! Deve haver equilíbrio para que este impulso, inicialmente positivo, não se torne uma obsessão, que gera o ciúme (medo, desconfiança, insegurança, angústia, posse). Este círculo vicioso cega, confunde e, então, pode levar ao crime e a morte.  
Precisamos entender que nascemos para nos formar. Ninguém nasce pronto e vai se gastando. Nos educamos. Aí está o segredo. Se o mundo teve a capacidade de criar e desenvolver tantas coisas erradas, pode também fazer o inverso. Isto é lógica! O homem de amanhã é o recém-nascido de hoje! Estamos criando diariamente novos homicidas, suicidas e doentes psíquicos. A educação, por exemplo, não contempla em suas grades, formações emocionais, cuidados com valores. São raras as escolas que se preocupam com isso. Já deu para perceber onde está nosso erro, certo? Normalmente as paixões vêm e passam, mas aquela que fica e vira ferida pode matar, por acometer alguém que não foi preparado para isso.  
O criminoso, em geral, não é um psicopata que mata por prazer, por fetiche; é um indivíduo emocionalmente despreparado ou doente que sofreu antes de matar e que continuará sofrendo e fazendo sofrer até morrer, e este homem ou esta mulher podem estar muito mais próximos de você, de seus filhos e de sua família quanto você imagina. Esse é, infelizmente, um raciocínio simples e real, mas que, como mostrei aqui, pode ser mudado.  
“Quem é controlado pelo ciúme, inveja, raiva, medo, ansiedade vive num cárcere emocional, numa masmorra psíquica, e é refém dos seus traumas e conflitos”. (Augusto Cury)

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