O conceito de herói vem perdendo seu sentido. Crianças e jovens, sufocados pelo excesso de informação e tecnologia, além de castigados pela falta de limites e/ou atenção de pais e educadores (e nem sempre por culpa deles, mas também pela carga distorcida que recebem ou receberam dos seus próprios pais, educadores e de uma sociedade alienada), apenas aprofundam o círculo vicioso desta crise, comprovada pelo número alarmante de transtornos emocionais e suicídios, em idades cada vez mais precoces.
Uma boa parte da mídia faz seu papel, utilizando este triste “nicho” de mercado - cada vez mais abrangente e atraente - para distribuir à população os chamados “heróis” do dia a dia. E essa articulada ilusão pode vir demonstrada através de um participante de reality show, num corpo escultural com rosto atraente, em políticos com forte poder de persuasão, em jogadores de futebol que recebem milhões, em cantores ou atores, em adolescentes que ditam as regras em vídeos, em filmes que fazem as pessoas acreditarem que “aquela” é a solução para suas vidas. Quem disse que o que acontece em filmes ou livros é o retrato da vida real? Quem disse que aquela frase, curso ou texto é o que você realmente precisa?
E vamos além? Será que os diversos tipos de “heróis” escolhidos pela humanidade hoje se preocupam com seus admiradores? Triste também ver que muitos dão mais valor a esses falsos heróis do que aos próprios filhos, pais, emprego, família, casamento, relacionamento, estudo; jogando tudo a “segundo plano”.
“Adoro qualidade e bom gosto”. Ouço muita gente falar assim, mas é fundamental refletir qual a raiz, a mensuração que se tem de qualidade e bom gosto. A sociedade contemporânea carece da liberdade verdadeira e, então, produz a superficialmente falsa. O desejo “reprimido” de ser livre e superar os apelos da sociedade (por falta de autoconhecimento) encontra neste utópico mundo de super-heróis, a “complementação ilusória do vazio”, e aí: haja apelação, haja sexo, haja desonestidade, haja atropelamento moral, injustiça, falsa liberdade e… doenças emocionais e psíquicas!
Os verdadeiros heróis? Pais que praticamente dão a vida pelo sucesso de seus filhos. Que levantam cedo para o trabalho digno e honesto, quase sempre recebendo muito menos do que merecem. Verdadeiros heróis (no mundo real), se vestem de farda para garantirem segurança e ordem pública. Outros vestem toga e lutam pela justiça, ainda que em troca disso corram o risco de colocarem suas cabeças a prêmio. Heróis estão nas salas de aulas para transmitir o conhecimento intelectual e moral, mesmo que para tanto tenham que se sujeitar a grosseria e a indisciplina de seus alunos, e, ao fim do mês, sentirem vontade de chorar ao verem seus holerites.
Heróis se vestem de branco e trabalham em postos de saúde precários, sem o mínimo de condições de trabalho, pois as autoridades não se preocupam muito com esse assunto. Heróis de verdade estão em Igrejas e Instituições realmente comprometidas com o bem-estar social, com a paz, a verdade, a ajuda física e espiritual aos mais necessitados, com a coerência entre pregar e praticar o que se prega, enfim, estes e tantos outros heróis, nem de longe tão lembrados ou valorizados… Verdadeiros heróis, descompromissados de vaidade e de orgulho, sem nenhum interesse em aparecer na mídia ou enriquecer financeiramente.
Enquanto muitos se escondem de si mesmos usando uma ideologia, paradoxal e paralelamente fazem suas vidas se tornarem cada vez mais desinteressantes e mortas. As estatísticas falam por si só.
Qual o significado da palavra herói para você? Quem são seus heróis?
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