A história da humanidade tem sido, frequentemente, a sucessão interminável de guerras e conflitos. Pretextos políticos, ideológicos, econômicos, religiosos ou sociais sempre justificaram a eclosão da agressividade entre povos e grupos humanos. A existência de guerras atesta, por si só, o estado de barbárie, insanidade e desequilíbrio em que se encontra significativa parcela da humanidade, quando ignora e despreza os mais elementares princípios de respeito à vida e os sagrados objetivos da existência.
Guerras externas são, segundo uma concepção integrada, a consequência e a materialização dos conflitos interiores. Cada um de nós, mediante seu pensar e agir, gera energias e as irradia no meio em que vive, energias essas que se somam àquelas de mesma natureza. Ao manifestarmos qualquer forma de agressividade, seja por pensamentos, palavras ou ações, aumentamos a carga de energias destrutivas que permeiam o mundo, alimentando e favorecendo a eclosão de conflitos e guerras – expressão do ódio e egoísmo coletivos. É sabido que tais energias, ao atingirem um ponto de saturação, desencadeiam fenômenos destrutivos, seja por meio dos chamados desastres naturais ou por conflitos e guerras.
Parece-nos claro que a maneira mais efetiva de se colaborar com a paz mundial é, em primeiro lugar, senti-la e cultivá-la no próprio coração e, a partir daí, irradiá-la ao mundo. Nenhum tratado político, convenção social, cerimônia religiosa ou discurso inflamado jamais poderá substituir aquilo que se irradia de um coração pleno de paz.
Em períodos de crise como o atual, a oração se reveste de especial valor como forma de serviço, ao canalizar energias pacificadoras e curativas a quem delas necessite. Orar ou meditar pela paz pode ser a melhor ajuda a ser prestada, quando outros recursos não estejam disponíveis. Abster-se de julgar, condenar ou criticar, tanto quanto evitar polêmicas e discussões, é também exercício muito importante para não ampliar os conflitos existentes. Ninguém apaga um incêndio jogando combustível às chamas; do mesmo modo, jamais se atingirá a paz alimentando qualquer forma de conflito.
Nunca fez tanta falta a verdadeira espiritualidade, pois a instrução e o poder sem a sabedoria e o amor geram monstros destruidores. Basta ver que os responsáveis pelas guerras e pela indústria bélica são sempre muito instruídos, embora moralmente enfermos e espiritualmente ignorantes. Se, como civilização, fôssemos religiosos, não de modo hipócrita ou convencional, mas verdadeiramente espiritualizados, jamais se cogitaria em guerras. No entanto, a realidade mostra a condição espiritual da humanidade e qual é sua fonte de inspiração.
Diante da situação planetária atual, destaca-se como necessidade das mais urgentes a pacificação interior. Ressalta na época atual a importância de assumirmos o equilíbrio, de optarmos pela paz e de nos comprometermos a permanecer serenos como forma de servir aos demais seres que possam necessitar de apoio e ajuda.
Quando, devido a circunstâncias externas ou interiores, nada mais parece bastar para manter a paz, sempre é possível exercitar a paciência e o desapego, fortalecer a fé, orar e prosseguir no serviço ao bem – providências capazes de renovar energias, atrair auxílio de níveis superiores, preservar a sanidade mental e assegurar o prosseguimento da existência com relativa serenidade – verdadeiros tesouros interiores que precisam com urgência ser descobertos, reconhecidos e valorizados.
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