
Para ser tutor de um ferret (ou furão) é preciso castrar e microchipar o animal antes da sua chegada ao Brasil
Com o ‘bordão’ e usando o nome científico Mustela putorius furo ao comentar sobre os gols e os “furos” da rodada, o jornalista Tadeu Schmidt fazia uma brincadeira com o nome do pequeno mustelídeo, que é domesticável. Dóceis e curiosos, os ferrets – como os furões domésticos são chamados – não são naturais do Brasil. Portanto, para tê-los como pets, é preciso se comprometer com uma série de incumbências.
Segundo Maria Izabel Gomes, coordenadora de Monitoramento do Uso da Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama, todo ferret deve ser castrado e microchipado antes de ser importado para o Brasil.
As orientações existem desde 1997 para manutenção do equilíbrio na fauna nacional. Antes de chegar ao Brasil, os bichos também têm os seus sacos anais extraídos.
O médico-veterinário José Mouriño, especializado em animais selvagens, explica o motivo: “Isso é importante porque eles são parentes do gambá, aquele que solta um cheiro esquisito quando está amedrontado ou para fugir. Então eles também poderiam ter este tipo de comportamento aqui, o que é bem desagradável”.
Apesar de haver criadouros ilegais no País, a forma correta de adquirir um ferret é por intermédio de um pet shop autorizado a vender animais vivos ou diretamente com o importador.
Os ferrets são animais extremamente dóceis. Mas, de acordo com Maria Izabel, o tutor não pode esperar que ele se comporte como um cão ou gato.
“É importante que a pessoa conheça os hábitos do bicho, porque são hábitos diferentes dos hábitos de cachorros, gatos, coelhos e animais que o brasileiro está acostumado a criar dentro de casa. É fundamental que as pessoas saibam sobre a alimentação adequada e o tempo de vida para evitar o abandono destes animais, porque isso é prejudicial ao indivíduo e é prejudicial também ao país”, explica.
“Outro cuidado é que eles têm que comer ração específica para espécie, então não dá para usar ração de cachorro ou de gato. Ela pode ser adquirida através dos importadores ou produtores locais no Brasil. Além disso, esses animais têm que ser vacinados anualmente contra a cinomose e contra a raiva. Não podemos deixá-los sem vacina e correr o risco deles transmitirem alguma doença para as pessoas ou para outros animais”, diz Dr. José.
O especialista também indica a visitação periódica ao veterinário para exames de rotina, pois os ferrets são animais que vivem pouco (em média, de 6 a 8 anos) e, por envelhecerem rápido, precisam ser acompanhados por um profissional.
Quem deseja criar um furão em casa deve deixar água e ração à sua disposição o tempo inteiro, diferente de como tutores de cachorros estão acostumados a fazer. Passeios em praças e parques estão permitidos, desde que mediante o uso da coleira específica para furão – peitoral, mais justa ao tórax.
Em relação aos banhos, o ideal é oferecer de acordo com a necessidade. Furões aceitam bem intervalos maiores de 15, 20 ou mesmo 30 dias, porque a higiene pode lhes ser estressante. A orientação do especialista é que os banhos aconteçam em bacias amplas e rasas.
Laís Seguin
lais.seguin@jpjornal.com.br
LEIA MAIS