Sabedoria de viver

Por André Sallum | 04/02/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Sob uma perspectiva evolucionista, todos nos encontramos na corrente da vida, desenvolvendo gradualmente a consciência, o que se manifesta, em diversos graus e de inúmeras formas, na chamada sabedoria de viver. Por isso, ao longo dessa jornada, o que ignoramos hoje, amanhã saberemos, do mesmo modo que aquilo de que temos consciência na atualidade, ontem nos passava despercebido. À medida que a consciência se amplia, dilata-se igualmente a compreensão da vida e dos demais seres. Os verdadeiros sábios demonstram, por isso, uma imensa capacidade de compreender os demais, ao mesmo tempo que se dedicam, na medida das suas possibilidades, à educação, tanto pelos ensinamentos como pelos exemplos, a fim de colaborar no desenvolvimento consciencial dos demais, a quem consideram irmãos de jornada.
Uma concepção materialista da vida e do mundo limita o indivíduo a um espectro muito estreito e grosseiro da realidade, por maior seja sua erudição, titulação acadêmica, destaque social ou projeção econômica. Enquanto isso, permanecem-lhe inacessíveis verdades e dimensões mais sutis e amplas, as quais só podem ser percebidas por uma sensibilidade ampliada, de onde brota e flui uma sabedoria não condicionada pelos preconceitos, não limitada por interesses mesquinhos e não contaminada por desejos egoístas. Graças a percepções dessa natureza tornam-se possíveis revelações, orientação e soluções aos mais diversos problemas humanos.
Decorrentes dessas despretensiosas observações, pode-se entender por que o sábio compreende o ignorante, sendo capaz de amá-lo e ajudá-lo, e por que o ignorante não compreende o sábio, podendo chegar ao ponto de hostilizá-lo e até mesmo de tentar prejudicá-lo. É natural que os sábios compreendam os demais e sejam, ao mesmo tempo, incompreendidos; amem, mas não sejam amados; sirvam aqueles que mais precisam de sua ajuda, os quais, ao mesmo tempo, podem se fazem indiferentes ou ingratos diante do que lhes é ofertado como serviço amoroso.
Um dos indícios do nível de consciência de alguém é a sua prontidão e espontaneidade para o serviço altruísta. Os mais amadurecidos e despertos se revelam dispostos a servir e auxiliar, ao passo que os mais primitivos e imaturos alimentam o desejo de serem servidos e de obterem vantagens do esforço alheio. O indivíduo rico de amor e de sabedoria, natural e espontaneamente doa e serve, o que lhe multiplica as alegrias interiores e lhe amplia ainda mais as possibilidades de realização e felicidade, pois quem estabelece uma comunhão com a Fonte da vida passa a ser um canal por onde fluem bênçãos aos demais seres.
O sábio, que conhece as leis da vida, por isso mesmo trabalha além das próprias obrigações, serve além das expectativas e ama cada vez mais incondicionalmente. Pode ser que seja colocado pela vida em situação de destaque social, riqueza ou poder, e se utiliza dessas condições como ferramentas e oportunidades de serviço, e jamais como meios de satisfação egoísta. Ao se utilizar dos mesmos para servir, instruir, educar e beneficiar o semelhante, aproveita as dádivas que a vida lhe oferece. Tal é o caso de incontáveis indivíduos que, ao longo da história, vêm trazendo ao mundo sua contribuição, como missionários do bem, da bondade e do progresso, vinculados a todos os povos, culturas, religiões e épocas, expressando o melhor do ser humano, deixando para a posteridade seu legado de sabedoria e de amor, como exemplo inspirador para todos nós.

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