Lançado pelo IHGP, a obra entra em distribuição gratuita na sede do instituto
O novo livro da historiadora Marly Therezinha Germano Perecin começa pela história fantástica de uma pintura em exposição na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, em Itu (SP), com mensagem subliminar sobre a guerra ideológica entre o colonialismo e o republicanismo – algo que deixou surpreso até o poeta e crítico de arte Mário de Andrade. O lançamento da nova obra ‘As Luzes do Vale Rememorações Piracicabanas sobre a Cidade-Mãe: Itu’ acontece hoje (quinta-feira), às 19h30, no formato on-line e será transmitido no canal do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba) no Youtube.
Tudo gira entorno do Oeste paulista e a expansão das cidades com referência central a Itu, que completou ontem (dia 2) 422 anos. “O livro é uma contribuição para entendimento cultural do Oeste paulista e para que se compreenda a função da cidade-mãe, Itu, que influenciou todo interior, inclusive Piracicaba, nos os modos ver, pensar e sentir da religião à arte em geral também passando pela educação das grandes escolas ituanas.”
Tomando como princípio fundamental rever a história para entender o presente, o primeiro ensaio, ‘O Resplendor do Vale’, trata da arte sacra exposta na igreja matriz de Itu. “O local possui uma pinacoteca de valor incalculável”, revela a historiadora que foca no primeiro quadro à direita de quem entra na Nossa Senhora da Candelária, tela intitulada ‘Discípulos a Caminho de Emaús’. Na imagem está Cristo com túnica tradicional da sua época e os discípulos com roupas do século 18, mais modernas. “Um deles é bastante corcunda e ambos são seguidos por cão horroroso e muito mal pintado, o cão lobisomem, que é a chave de um código para chamar a atenção para Jesus, que representa a liberdade do Iluminismo, patrulhado ideologicamente na figura dos corcundas que representam os reacionários e a favor do colonialismo.”
Marly segue com ‘Festa do Divino, Obra de Arte Trágica’ fazendo uma ponte da tragédia grega retratada no evangelho Lucas, com a construção da narrativa – absorvida pelo Ocidente – de começo, meio e fim. A tristeza do destino fatal de Jesus crucificado na festa da dor, Semana Santa, é o Oeste paulista com epidemias sanitárias como tifo, malária, varíola, para chegar na alegria da sua ressurreição, reportado na Festa do Divino e nas romarias espalhadas pelas cidades ao longo do rio Tietê, com fartura de comida e consolação das mazelas humanas.
O livro se encerra com ‘A Escola do Liberalismo Paulista’ falando sobre o campo ideológico sui generis de Itu, dividido entre republicanos e colonialistas. “Itu não é só a cidade-mãe. É um meio aonde se tratou da independência do Brasil, da luta contra colonialismo e é a terra republicanismo, aí reside a importância de Prudente de Moraes.”
Cristiane Bonin
cristiane.bonin@jpjornal.com.br
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