Luxúria: Pecado Capital

Por Ana Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

Vivemos em função da aparência e da supervalorização do belo, principalmente à busca das curvas perfeitas que o corpo possa alcançar. E para abordarmos sobre a luxúria, é necessário falar sobre os prazeres sexuais, a impulsividade desenfreada, o prazer sobre o excesso, sendo consumado apenas para satisfazer as próprias necessidades.
Para São Tomás de Aquino a luxúria refere-se aos prazeres sexuais, para o autor tanto a comida como as relações sexuais têm como finalidade a conservação da vida e desde que para esse fim não seria considerado pecado para a época. Enquanto na cultura cristã, o sexo sempre esteve associado ao pecado, representação de algo sujo, somente sendo aceito para a procriação e amor, carregado até os dias atuais por algumas mulheres que sentem muita culpa em desejarem o ato sexual para sentir e explorar o prazer.
Se pensarmos na época dos primatas, a atração entre os homens e mulheres era o desejo físico, indiscriminado e passageiro, assim como observamos nos animais. E esse pecado capital têm sua origem na infância, quando os pais reprimem a criança a todo e qualquer impulso sexual. E essa repressão no decorrer do processo do desenvolvimento emocional dos filhos, podem provocar muita culpa e quando adultos podem ser reprimidos sexualmente ou liberados em excesso.
Psiquicamente homens e mulheres estabelecem diferenças relacionadas ao sexo, o feminino tende a estabelecer amor e intimidade, quanto o masculino tende a estabelecer prazer e casualidade, e isso pode promover muitos conflitos ao ser relacionarem –se. Na nossa sociedade a publicidade explora a imagem de um homem bem-sucedido sempre associada à fama, poder, dinheiro e mulheres belíssimas. Isso porque, historicamente, o homem desde a infância é incentivado a caçar, a ter muitas mulheres, evidenciando quando adultos suas conquistas sexuais em rodas de amigos, como se essas ações validassem seu poder e sua capacidade sexual.
Evidenciando por meio das atitudes a fuga da intimidade, pela busca do sexo excessivo, que torna sua fonte de prazer, e o esquiva do receio pela rejeição, porém assumir tal comportamento pode promover conflitos internos, maior apego material, físico, ao externo, anulando a busca por valores espirituais, afastando dos valores internos. Assim, podemos evidenciar que a luxúria desvirtua a sensualidade e deforma o amor, tornando o apetite sexual insaciável.
No âmbito profissional, esse pecado pode ser identificado pelo assédio sexual, explorando a posição hierárquica em prol do que o poder pode dominar. A luxúria ainda pode ser percebida pela vontade que alguns indivíduos demonstram em ter tudo para si mesmo, identificado no líder que não democratiza os benefícios, o conhecimento, as oportunidades aos colaboradores, isso porque sente –se inseguro quanto à perder o controle da situação, por receio de ter algum membro da sua equipe com competências que possam sobrepor as suas, fantasia o tempo todo o medo em colocar em risco sua posição.
A luxúria estimula insegurança e acaba transformando a saudável necessidade de amar e ser amado, em uma necessidade compulsiva e patológica de satisfação, estimulando uma busca imediatista pela satisfação. É comum nos depararmos com indivíduos que demonstram bondade, para seduzir, conquistar, somente para o “gozo” de conseguirem o que querem, depois de satisfeitos, desaparecem.
Pessoas que vivem em função da aparência, não conseguindo conviver com o conteúdo interno que quem realmente são, com sua tamanha falta de confiança, acabam supervalorizando a beleza externa, o corpo perfeito, tanto idealizado no outro como em si mesmo. São indivíduos com muito conhecimento técnico, e empobrecimento do autoconhecimento e como consequência a falta do conhecimento emocional pode levar a um rebaixamento da autoaceitação, da autoestima, empobrecendo a capacidade de amar os outros e, principalmente, a si mesmos.

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