Dança

Por José Faganello |
| Tempo de leitura: 3 min

“A dança deve ter outra razão além da simples técnica e perícia”( Pina Bausch) A dança esteve presente entre os homens desde a mais remota antigüidade. Pelos relatos encontrados, inicialmente estava ligada aos cultos religiosos. Na Grécia, passou de religiosa para guerreira, depois, para orgíaca. Plástica e mímica harmonizavam-se com poesia e música. Na Roma dos Césares atingiu uma dose acentuada de erotismo, sendo combatida pela Igreja, quando o cristianismo tornou-se religião oficial e sistematizada. Na Idade Média, havia festas religiosas, nas quais, era executada nas procissões. Devido à mudança para movimentos erotizados foram posteriormente proibidas. Graças à desobediência continuou evoluindo e firmando-se. Durante o Renascimento, sobram relatos de danças folclóricas na França e na Itália. A preocupação com encadeamentos dos passos e das posições e o aparecimento de grandes dançarinos italianos e franceses, tornaram-na um espetáculo por si só. No século 18 surgiram dançarinas, juntamente com teóricos, regras precisas, virtuosistas e movimentos coreográficos. A dança, sem dúvida, é a exteriorização corpórea provocada pela música. Música e dança são inseparáveis. A música alegra, suaviza, enleva e provoca a necessidade do movimento. É o alimento do amor. Seu amante jamais fica saciado, para ele nunca será excessiva e, ao ouvi-la, é impelido a dançar. Ao escutá-la sente-se como o poeta Baudelaire em As Flores do Mal: “A música talvez me leve como o mar! / À minha murcha estrela, / sob um teto de bruma ou por éter sem par, / vou soltando a vela...” Não há nações sem música, portanto sem danças. Elas são tão necessárias como o pão, a água e o ar. Ao ouvirmos uma bela música, principalmente quando dançamos, momentaneamente esquecemo-nos de nossos problemas e afugentamos de nossa lembrança as mazelas e injustiças deste mundo. Por instantes inesquecíveis, colocamo-nos em outro plano, superior, inexcedível. A dança é uma terapia. Não apenas faz bem para o físico, melhorando seu condicionamento, como para a mente. O importante nela, não é preocupar-se em seguir com rigidez suas regras de marcação dos passos. A técnica é importante, mas o dançarino tem de soltar-se, exprimir com movimentos aquilo que gostaria de extravasar com palavras. Seus sentimentos podem ser expressos, tornados visíveis , com criatividade e sem a obrigação de seguir um manual rígido, castrador. Por isso há tantas nuances, tantas maneiras de se dançar uma mesmas música. Ninguém deve sentir-se tolhido, preocupado com o dois prá lá e dois prá cá. Exprima, a seu modo, seu estado de ânimo, sua paixão pela dança. Naturalmente o iniciante irá melhorando seu desempenho e imperceptivelmente aprenderá, como um pintor, ou exímio fotógrafo, explicitar com sua dança aquilo que lhe vai na alma. Como ela é ilimitada, ilimitados serão seus movimentos. É fundamental, para tornar-se um bom dançarino, saber coordenar o ouvido com o ritmo. Ele reproduz o que se passa na natureza e também é o balizador de seus movimentos. A não ser que se deseje ser um profissional, é irrelevante preocupar-se com uma marcação sistematizada dos passos. O indispensável é encontrar, em suas evoluções, como exprimir, extravasar, sublimar seus sentimentos. Assim como a poesia, música e dança, embora tendo métodos para serem ensinadas, brotam naturalmente. É por este motivo que a famosa coreógrafa Pina Bausch afirmou que a simples técnica e mesmo a perícia não constituem a razão de ser da dança.

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