As contradições de Rossieli Soares

Por Professora Bebel | 08/01/2022 | Tempo de leitura: 3 min

O secretário da Educação, Rossieli Soares, é um poço de incoerências. Ele é fiel escudeiro do governador João Doria, que dividiu nas eleições a denominação BolsoDoria para se eleger na onda conservadora de 2018, e que tornou a vacinação uma peça de marketing e continua a fazê-lo.

Porém, muitas das afirmações e medidas de impacto deste governo contrastam com sua prática cotidiana.

Nesta semana, Doria e Rossieli saíram a campo para defender a vacinação de crianças, mencionando, inclusive, que promoverão a imunização dentro das escolas.

Por evidente sou totalmente a favor da vacinação das crianças, medida fundamental para evitar a propagação da covid 19 neste segmento altamente vulnerável e necessária para conter a doença nas demais faixas etárias, sobretudo sua variante ômicron, altamente contagiosa. O que causa estranheza é que o secretário, que fala agora em proteger as crianças, trabalhou incessantemente para antecipar a volta às aulas presenciais no estado de São Paulo desde o segundo semestre de 2020, quando a pandemia estava em pleno auge, contrariando recomendações de autoridades sanitárias internacionais e nacionais, inclusive de seu próprio governo.

Felizmente, múltiplos setores da sociedade, com grande destaque para o nosso sindicato, a Apeoesp e para os pais e mães de nossos estudantes, se levantaram contra esse absurdo. Fomos à justiça e chegamos à greve em defesa da vida, no início de 2021, conseguindo retardar esse retorno total às escolas até a segunda quinzena do ano passado, após a vacinação dos profissionais da educação, que conquistamos com uma campanha que se iniciou em dezembro de 2020.

Quem agora se apresenta nos meios de comunicação preocupado em salvar vidas, não demonstrou a mesma preocupação quando, de fevereiro a agosto de 2021, em levantamento parcial realizado com grandes dificuldades pela Apeoesp, se contabilizou nada menos que 3 mil casos de covid-19 nas escolas estaduais em razão das atividades presenciais, com pelo menos 110 óbitos. Esse mesmo secretário promoveu diversos encontros presenciais sem respeitar protocolos de segurança sanitária. O maior deles, realizado em Águas de Lindoia com diretores de escola, em outubro de 2021, com viés eleitoral, provocou uma onda de indignação.

É verdade que temos no nosso país um presidente genocida, que de forma consciente e deliberada tomou decisões que levaram ao número assustador de 620 mil vidas perdidas para a covid-19 - a maioria delas poderia ter sido evitada. Mas é verdade também que no estado de São Paulo ocorreram mais de 155 mil dessas mortes, o que representa em torno de 25% do total. Nosso estado, porém, possui 20% da população brasileira.

Os números são claros: faltou qualidade nas políticas adotadas pelo governo Doria para conter o vírus. A tragédia não foi maior porque grande número de prefeitos e prefeitas, dos mais diversos partidos, foram muito além das medidas erráticas adotadas pelo governador marqueteiro. Alguns, ameaçados pelas parcelas mais reacionárias e negacionistas da sociedade tomaram as medidas necessárias que Doria não teve coragem e competência para tomar, como é o caso do prefeito petista Edinho Silva, de Araraquara. Muitas vidas foram salvas graças a esses gestores públicos.

É preciso lembrar mais uma vez que enquanto Doria e Rossieli forçavam estudantes, funcionários e estudantes a retornar ás escolas, centenas de prefeitos e prefeitas, dialogando com diretores, diretoras, conselheiros e conselheiras da Apeoesp mantinham decretos restritivos às atividades escolares presenciais ou, simplesmente, mantinham integralmente o ensino remoto. A sociedade também deve agradecer a essas autoridades muitas vidas preservadas.

Vacinar nossas crianças é obrigação dos governantes. Trata-se de política pública de saúde e medida imperativa frente à pandemia que estamos enfrentando. Chega de fazer política com a vacina!

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