Participação popular para o desenvolvimento

Por Gilmar Rotta |
| Tempo de leitura: 2 min

É comum nos depararmos com comparações entre os resultados de gestão das iniciativas pública e privada. Por vezes, tais análises são emitidas, com certa reprova ao Poder Público, por quem não tem a menor ideia dos trâmites e ritos legais a que se submetem os gestores públicos nas tomadas de decisão.
Mas é preciso reconhecer que as estruturas decisórias públicas e particulares têm lá suas semelhanças.
Enquanto uma grande empresa particular conta com um Conselho de Administração para representar os interesses do conjunto dos acionistas perante a Diretoria Executiva da organização, nos Munícipios, por exemplo, o conjunto dos moradores tem as Câmaras Municipais como representantes dos interesses perante o Poder Executivo.
Como grande diferencial, o poderio econômico dos acionistas, através da conhecida máxima de “cada ação um voto”, é transformado no modelo público, pela nobreza democrática, em “cada mandato um voto”, o que valoriza a condição de igualdade determinada por nossa Constituição.
Mesmo diante de inúmeras metas que a administração de uma empresa privada pode perseguir (fixação da marca, retorno de longo prazo, responsabilidade socioambiental, reconhecimentos de gestão, etc.), podemos entender que boa parte da eficiência atingida se deve a expectativa praticamente comum entre os acionistas em termos de resultado, que é o lucro como objetivo final, maior. E não há nada de errado com isso, já que falamos de um investimento financeiro.
No Poder Púbico, por sua vez, considerando cada cidadão como legítimo acionista, as expectativas por resultados se caracterizam por desalinhamento bem maior. Enquanto alguns querem melhorias para a escola pública de seu filho, outros veem maior valor na disponibilidade de serviços oferecidos pela saúde pública, muitos preferem foco total nas políticas de desenvolvimento e geração de emprego e renda, ou ainda a manutenção das vias de trânsito, dentre tantos outros indicadores possíveis, que cada cidadão avalia de acordo com suas prioridades do momento.
Definitivamente, além de não haver nada de errado, é uma situação até esperada, mas não temos o direito de nos enganarmos quanto a perda de eficiência nos resultados. Quanto mais difusos forem os interesses menor será a evolução aferida em cada um deles, pois a capacidade total de ação precisa se dividir em muitas frentes.
Daí vem a necessidade do Poder Público não apenas captar com excelência as demandas, mas também desenvolver cidadãos participativos na sociedade, preparados até para a empatia de compreender a prioridade do vizinho. Longe de ser tarefa fácil, tal progresso só se concretiza pela capacidade de engajamento, que requer clareza de comunicação e envolvimento decisório, sempre rumo ao alinhamento de valor percebido nos resultados.
Citando exemplo da Câmara Municipal de Piracicaba, o exercício da participação popular vem sendo aperfeiçoado através de convocações cada vez mais frequentes de Audiências Públicas. Claro que, felizmente, sempre há muito o que melhorar.
Por fim, com a chegada de 2022, além de desejar um Feliz Ano Novo a todos os cidadãos, em especial aos de nossa Região Metropolitana de Piracicaba, aproveito para estimular a entrada no novo período como uma oportunidade de aperfeiçoamento da participação popular para o nosso desenvolvimento.

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