Luzes de inverno

Por Rubinho Vitti | 31/12/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Nem Papai Noel, nem presentes ou mesmo panetones e uva passas, até mais do que os fogos de artifício do Réveillon. O que mais me fascina nessa época do ano, desde que eu era um garotinho, são as luzes espalhadas pela cidade. É como se fosse um grande espelho, refletindo as estrelas do céu!

Na minha infância, conforme novembro ia acabando, em uma simples volta de carro, eu ficava ansioso para encontrar as casas e lojas que acenderiam as primeiras luzes do ano na cidade.
Já em dezembro, a gente costumava percorrer o bairro Castelinho, onde uma vizinhança inteira se unia para iluminar o máximo possível suas casas e transformar aquela rua na mais iluminada de Piracicaba. Era demais passar por ali e ver todas aquelas cores.

O prédio da prefeitura também ficava super iluminado, assim como a ponte Pênsil, Engenho Central e a Esalq, com o prédio central desenhado pelas luzinhas, o meu favorito, além de outros pontos que ainda hoje se iluminam.
Eu jamais pensava, porém, que o significado por trás dessa tradição tão comum hoje em dia era bem maior e mais significativo do que apenas um brilho de Natal.

As luzes de Natal surgiram há centenas de anos, mais especificamente no século 17, lá na Alemanha. Naquela época eles usavam velas, pois não havia luz elétrica. Só que a ideia não era enfeitar, mas iluminar os enfeites.

É que as árvores de Natal já existiam e eram ornamentadas com os mais diferentes tipos de arte: esculturas em cerâmica, objetos de madeira, muita tinta e até comida. As velas eram usadas justamente para mostrar toda essa arte quando já estava noite. E durante o inverno na Europa, as noites são bem mais longas.
A moda pegou em todo leste europeu e, com o passar dos anos, eles foram usando candeeiros, lamparinas e afins.

Os séculos se passaram e a tradição de iluminar as árvores de Natal foi exportada para várias partes do mundo. A primeira árvore de Natal com iluminação elétrica apareceu apenas em 1882, em Nova York. Foi um momento histórico.
A partir de 1890, as luzes de Natal passaram a ser vendidas comercialmente e as pessoas começaram a iluminar suas próprias árvores e casas. Só os ricos tinham acesso a elas, pois custavam uma fortuna. Outros, alugavam as luzes temporariamente para aquela época do ano.

Foram anos até que elas se tornassem populares e começassem a ser vendidas em grandes lojas de departamento e em vários formatos, assim como acontece hoje.
Muito mais que decorativas e uma forma de celebrar o Natal, as luzes nesta época do ano são muito importantes para quem vive em países onde as noites podem ser muito longas.

Fui perceber isso quando me mudei para a Irlanda, em 2017. Aqui, sinto o que muitos estrangeiros sentem durante o inverno, uma espécie de depressão pela falta de luz solar. Afinal, além de vitamina D escassa, a gente quase não vê a carinha desse astro-rei entre dezembro e fevereiro.
No dia 21 de dezembro aconteceu o solstício, quando a Terra atingiu o máximo de inclinação no seu ângulo, dando início ao inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul.

Foi o dia mais curto do ano nos países europeus. Para se ter uma ideia, aqui na Irlanda, o sol nasceu às 8h38 e se pôs às 16h08, havendo, portanto, menos de oito horas de sol.
Para espantar essa depressão invernal, as luzinhas de Natal são essenciais, com as cidades se iluminando ao máximo.

São praças inteiras forradas com luzes led, projetores que espelham imagens iluminadas em fachadas de grandes prédios públicos, além de muitas lamparinas que se alinham nas principais avenidas, lojas e supermercados.
Depois que vim para cá, tudo fez ainda mais sentido e as luzes de Natal agora me levam a um outro significado, mais belo ainda, que nos salva da escuridão e torna um pouco mais agradável esse inverno rigoroso.

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