Nesta semana, em 1º de dezembro, instituições do mundo inteiro voltaram a refletir sobre uma das doenças mais estigmatizadas das últimas décadas.
O Dia Mundial de Luta Contra a Aids tem como objetivo justamente entender como está o controle do HIV no mundo e como será possível impedir o crescimento da doença em crianças, jovens, adultos e idosos.
Além disso, promove a luta contra o preconceito sobre pessoas soropositivas.
O vírus da imunodeficiência humana ainda é tabu, mesmo em pleno 2021 onde o tratamento é altamente eficaz na redução da transmissão do vírus e as pessoas vivendo em terapia antirretroviral têm carga viral indetectável e chance insignificante de transmitir o vírus sexualmente.
De acordo com a Unaids - programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids -, são 37,7 milhões de pessoas em todo mundo vivendo com HIV.
Foram 680 mil mortes de causas relacionadas à Aids em 2020. Um milhão e meio de pessoas contraíram a doença no mesmo ano.
Desde o início da epidemia, nos anos 1980, foram 79,3 milhões de pessoas infectadas e um total de 36,3 milhões de mortes no planeta.
Os números mostram uma melhora mundial em relação aos cuidados com pessoas diagnoticadas com HIV.
Em 2020, 84% das pessoas que vivem com o HIV conheciam seu estado sorológico, comparado a apenas dois terços (67%) em 2015.
Em junho de 2021, 28,2 milhões de pessoas vivendo com HIV tiveram acesso à terapia antirretroviral, sendo que em 2015 esse número era de 17,2 milhões.
No Brasil, a estimativa é que existam 827 mil soropositivos e que 112 mil não saibam que têm o vírus. E o público de maior risco ainda são homens homossexuais e mulheres transexuais.
E o motivo é o mesmo velho e caduco preconceito.
Segundo especialistas, é neste grupo onde a iniciação sexual começa sem o devido apoio da família e da sociedade, ou seja, sem a devida informação, principalmente nas camadas mais pobres.
O moralismo e o preconceito ainda são as questões mais difíceis de se combater quando o assunto é HIV/Aids.
Uma pessoa que tem câncer, diabetes ou outra doença crônica certamente terá a empatia e o auxílio da sociedade para ajudar na recuperação.
O enfermo é considerado uma vítima da natureza, um pobre doente que precisa de cuidados. Quando se fala em HIV, uma parte das pessoas torce o nariz. É como se julgassem a contaminação como uma "punição pelo sexo livre".
Tal preconceito bruto desencadeia diversas atitudes que condenam os infectados com HIV. Uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho, OIT, informou que o mercado de trabalho ainda recusa pessoas infectadas pelo HIV em suas vagas.
Desde 1996, o SUS distribui gratuitamente os medicamentos necessários para o tratamento contra o HIV/Aids.
O mundo possui uma meta de erradicação da Aids até 2030. O Brasil estava seguindo passos significativos para chegar até lá. Temos 9 anos para isso. Mas claro que no governo Bolsonaro as coisas se complicam.
O presidente já afirmou absurdos, dizendo que o estado não é responsável por bancar “a vida mundana” de algumas pessoas, e vira e mexe volta a soltar suas asneiras sobre a doença.
Recentemente, usou de uma notícia falsa para dizer que pessoas que tomam vacina contra a COVID-19 poderiam ser infectadas com o HIV.
Em 2020, ele disse que pessoas que vivem com HIV/Aids são “uma despesa para todos do Brasil”
Em nota de repúdio, associações disseram que “ a resposta brasileira à epidemia de Aids é uma política de Estado, não uma política de governos ou partidos, ancorada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e na garantia dos direitos humanos, com reconhecimento e destaque internacional.”
Em 2021, podemos ver uma diminuição drástica do ministério da Saúde na busca pela prevenção contra a infecção pelo HIV. Além disso, segundo reportagem da Folha de São Paulo, houve queda na realização de testes, o que pode gerar uma subnotificação dos casos.
Houve diminuição ainda na propaganda de prevenção e na distribuição de camisinha.
Tudo isso por pura ignorância e discriminação maquiada de moralismo por parte da administração.
Lutar contra a Aids também é lutar contra políticos que fazem da doença um palanque para a desinformação, o desserviço e o preconceito.
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