A parte neurótica da comparação

Por Francisco Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Um corvo, que vivia na floresta, plenamente satisfeito com a sua vida, um dia viu um cisne e pensou: “Este cisne é tão branco e eu sou tão preto… Este cisne deve ser a ave mais feliz do Planeta!” E falou isso para o cisne, que respondeu: “Eu achava que era a ave mais feliz até ver um pavão. Eu tenho apenas duas cores, mas o pavão tem várias cores.” Intrigado com o rumo que as coisas estavam tomando, o corvo, então, foi ao encontro do pavão, num jardim zoológico. Observou uma grande quantidade de pessoas reunidas para vê-lo. Quando as pessoas foram embora, o corvo abordou o pavão, afirmando: “Como é bom ser um pavão. Tanta gente aqui para vê-lo. Quando as pessoas me veem, elas se espantam. Sem dúvida, você é a ave mais feliz do planeta.” O pavão, então, respondeu: “Eu sempre pensei que eu era a ave mais feliz do planeta, mas por causa da minha beleza, estou preso neste jardim zoológico. O corvo é um dos pássaros que não é mantido em uma gaiola. O corvo sim é feliz!"

Retrocedemos quando preferimos valorizar o que outras pessoas são ou têm, esquecendo-nos do que somos e temos e, na era da internet e das redes sociais, esse processo se agrava ainda mais.

A busca da nossa essência é a única responsável pela nossa cura, pela nossa felicidade e cada um deve buscar a sua.

Vivemos nos comparando e isso, quando neurose, nos frustra, nos machuca, causa inveja, doenças. Cada um tem sua história, viveu experiências diferentes, teve oportunidades diferentes, tem uma construção psíquica individual e, nos comparar, na verdade, é uma injustiça que praticamos contra nós mesmos.
Por outro lado, quando a comparação estiver indexada a bens ou prazeres materiais, além de danosa, seu objetivo nunca será alcançado, por um simples motivo: sempre haverá um “novo lançamento”, fazendo da pessoa uma escrava de conquistas infinitas, num círculo vicioso de angústia. E, se a comparação estiver indexada à situação (em geral) dos outros, você está navegando num campo ilusório e destruidor, por um simples motivo: a “grama” do vizinho pode não ser tão verde como parece, além da injustiça citada anteriormente.

Para evoluir é preciso refletir, criticar, adotar novas formas de visão, transformar problemas e lutas em positividade, olhar com outros olhos e sob novas perspectivas e, se tiver dificuldade, buscar ajuda para tal.

Quanto mais nosso autoconhecimento aumenta, mais autodomínio temos e mais qualidade de vida atingimos.
Costumo sempre dizer que no mundo todos nós estamos em estágios diferentes. Sempre alguém estará a nossa frente em um ou mais quesitos; assim como sempre alguém estará atrás de nós em um ou mais quesitos. A quem está abaixo, tenha compreensão e ajude. A quem está acima, inspire-se neles. Entender e aceitar essas verdades, abre as portas para a saúde emocional, porque, na verdade, não importa quem está à sua frente ou o quanto esteja. O que importa mesmo é o quanto você está à frente de você mesmo em relação a ontem…

E, para nos ajudar brilhantemente no tema desta semana, compartilho com meus leitores uma reflexão do meu amigo Dinael Correa de Campos, Doutor em Psicologia e autor de vários livros de sucesso, entre eles "Ousadia em estar feliz": "Temos que admitir que, entre o desejo de parecer-se com o outro, ser o outro, e a felicidade de ser você mesmo, há uma distância que podemos denominar de vida. Por que então abriríamos mão dela, da vida, da nossa vida?"

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