Dublador: profissão que mexe com o imaginário

Por Laís Seguin |
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Piracicabano Haroldo Faria entrou para o mundo da dublagem e dá dicas sobre as peculiaridades da profissão

O piracicabano Haroldo Faria iniciou carreira na dublagem por meio da sugestão de um amigo, devido ao trabalho que realizava em rádio, há mais de 10 anos. Seus primeiros feitos relacionados a essa área foram como narrador de documentários das emissoras HBO, Warner, Natgeo, Discovery, Space e outras, porque até então, ele só tinha o registro profissional de locutor.

“Com essas narrações que fiz, me interessei por estudar interpretação, para ser autorizado a emprestar a minha voz para personagens também”, relembra Haroldo.

A interpretação, segundo Haroldo é o fator mais importante para quem quer seguir no mercado de trabalho de dublagem, atualmente. “A voz é terciária, o interessante é que o profissional consiga compreender e reproduzir a personalidade e as emoções do personagem”, complementa.

Haroldo é a voz brasileira do Professor Vox na animação japonesa Heroes: Legend of the Battle Disks, que já foi inclusa no catálogo da Netflix, e também de eventuais participações especiais dos atores Dwayne Johnson (The Rock) e Denzel Washington. Atualmente, ele tem estúdio próprio e trabalha junto a produtoras de todo o país.

PROFISSIONALIZAÇÃO

Para ser dublador, é obrigatório obter o DRT (Documento de Registro Técnico) de ator, pela Delegacia Regional do Trabalho e ter cursado uma faculdade de Artes Cênicas ou fazer cursos reconhecidos pelo Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões) do estado em que fez o curso ou mora.

Caso tenha participado de peças profissionais, cinema, televis?o, publicidade dentre outros projetos, pode-se comprovar a participaç?o por meio de documentos que comprovem sua legitimidade e apresentá-los no Sated. Para alguns casos, é necessário ainda passar por uma avaliaç?o de uma banca examinadora. Após a aprovação do Sated, o ator receberá o registro profissional (DRT) provisório, com a validade de um ano. Dentro de um ano, o ator terá que fazer pelo menos mais um trabalho para dar entrada ao DRT definitivo.

PANDEMIA E MERCADO DE TRABALHO

Em um país como o Brasil, que não costuma falar o mesmo idioma das muitas produções audiovisuais que consome, o conteúdo precisa passar por um processo de tradução e dublagem, que assim como todas as áreas, precisou se adaptar à pandemia. “A dublagem acontecia presencialmente em 99% das vezes. Já existia alguns fragmentos de uma dublagem remota, mas para coisas muito pontuais”, cita Haroldo.

Os dubladores investiram em infraestrutura de internet. Alguns conseguiram criar uma estação de trabalho robusta, com uma qualidade razoável, e outros tiveram que fazer ajustes de acordo com suas necessidades econômicas, ou de região.

Laís Seguin
lais.seguin@jpjornal.com.br

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