“Autoencontro: o encontro mais importante da sua vida”

Por Francisco Ometto | 27/11/2021 | Tempo de leitura: 3 min

São tantas curtidas, tantas pessoas alegres, tantos corações e emojis lindos, declarações incríveis, alegrias e realizações de sobra, pessoas dizendo: “tamujunto”, tanta paz, amizade, enfim, a gente até se sente no paraíso, não é? Só que não! Você já imaginou se o amor que aparece nas redes sociais fosse o real amor existente no mundo? E as frases de efeito? Alguns até as chamam de "tapa na cara". O problema é que parece que já se acostumaram com a inércia, por não entenderem que o conhecimento sem comportamento e atitude de nada adianta.

Redes sociais: uma potencial ferramenta para assassinar o tempo e alicerçar autoengano… Sim, o tempo, que nos faz reclamar tanto de sua própria falta. Paradoxo? Não…

Redes sociais. Lugar onde desconhecidos frequentam sua história; um palco onde curiosos desfocam suas vidas e focam na vida dos outros. Comentários vão e vem, num círculo vicioso de cinismo e interesse aleatórios, afinal, é mais fácil escrever “tamujunto” do que visitar alguém e fazer algo presencial e realmente produtivo, mesmo porque existem outras coisas para se fazer na vida real… Lugar onde quem você segue ou curte, revela quem você é. Lugar onde falsidade, interesses, inveja, desonestidade e conflitos internos revelam almas que precisam de ajuda e que estão adoecendo, sofrendo e fazendo sofrer.

Redes sociais. Cenário perfeito para muitos se esconderem de si mesmos, ser quem não são ou enfrentar o que e quem eles nunca enfrentariam olho no olho. Lugar onde a crítica não tem educação. “Tanto a mais elevada quanto a mais baixa forma de crítica é uma espécie de autobiografia” (Oscar Wilde).

Steven Stosny (PhD), que já escreveu vários livros tratando dos mais diversos problemas de relacionamento e mal-uso das emoções, explica que pessoas muito críticas sabem que a crítica que não é construtiva não vale a pena, mas não param, porque precisam disso para "alimentar" o próprio ego, que os engole cada vez mais, na maioria das vezes inconscientemente ou em forma de autossabotagem.

Em contrapartida, é importante também lembrar que nem todos vivem nesse cenário e que a Internet (exemplo que trago nesse artigo) é apenas uma das partes integrantes desse desencontro, talvez a mais robusta. Entretanto, esse desencontro abre buracos emocionais nas pessoas, que, ao mesmo tempo e perigosamente, tentam “cobri-los" com coisas que vão aumentando ainda mais o tamanho deles.

Em seus estudos sobre felicidade, Freud mostra que ela é proporcionada pelo mundo para cobrir uma falta que é perene, e, por isso mesmo, nunca será obtida plenamente. Temos um grande aliado nisso: o capitalismo, que nos faz cobrir estes buracos com viagens, empregos, compras, sucesso, curtidas, críticas, crenças, conquistas, etc. E, para fechar este triste círculo vicioso de autodestruição, as pessoas, então, precisam mostrar tudo isso para o mundo, postando nas redes sociais imagens, frases e vídeos belíssimos, que até podem ser reais na produção, mas em muitos casos são autoenganadores, pois querem amenizar ou tapar algo, editando uma realidade que lá dentro castiga, adoece, tira a paz e mata, aos poucos.

Não, não precisamos disso, mesmo porque, na vida que é real, a “realidade” não é essa.

Saber que nem tudo é como as redes sociais mostram te deixa mais tranquilo ou mais incomodado?

Quem é você? Quem e o que é real na sua vida? Como você está com você mesmo? Está tudo sincronizado com sua essência?

"Conhecer a si mesmo é o começo de toda sabedoria". (Aristóteles)

Encontre-se. Escolha-se.

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